Pré-candidata a vice-prefeita pelo PSOL, a servidora pública Tamyres Filgueira divulgou nota nesta quinta-feira (7), em resposta aos questionamentos da ex-deputada Manuela D'Ávila (PCdoB) sobre o lançamento precoce das candidaturas de Maria do Rosário (PT) e Luciana Genro (PSOL) à prefeitura da Capital.
Tamyres inicia a nota dizendo que, "talvez por estar vivendo nos EUA", Manuela "não conheça o processo de construção da renovação da esquerda" em Porto Alegre. A servidora lembra que esteve à frente de diferentes lutas ligadas aos movimentos sociais nos últimos anos, condição que a legitima para concorrer em 2024:
"Manuela, aprendi com meu povo, comigo é papo reto. Se você diz que não está criticando Luciana e nem Maria do Rosário, você está criticando meu nome? Você acredita que para ser vice-prefeita de Porto Alegre tenho de ser parlamentar? Não posso ser uma liderança social?", questiona Tamyres.
A resposta da pré-candidata do PSOL faz referência à crítica de Manuela de que houve omissão dos partidos de esquerda em relação aos líderes negros que se consagraram nas últimas eleições. Manuela lembrou que, dos 10 candidatos de esquerda mais votados em Porto Alegre na eleição para a Câmara e a Assembleia em 2022, cinco foram negros: Daiana Santos (PCdoB), Matheus Gomes (PSOL), Bruna Rodrigues (PCdoB), Karen Santos (PSOL) e Laura Sito (PT).
Confira a íntegra da nota de Tamyres:
Manuela, talvez por estar vivendo nos EUA, não conheça o processo de construção da renovação da esquerda e da afirmação da luta das mulheres negras, feministas, anticapitalistas e antirracistas em Porto Alegre. O PSOL, meu partido, partido de Marielle, está apostando nisso. Por isso, fui escolhida para compor a chapa com Luciana Genro, fundadora do partido. Por isso, a vereadora Karen Santos, a mais votada para a Câmara de Vereadores da Capital, apoiou minha indicação. Obtive 80% dos votos no congresso do PSOL de Porto Alegre, que reuniu cerca de 1,3 mil militantes. É um reconhecimento à minha trajetória. Estive à frente das principais lutas dos movimentos sociais nos últimos anos. Desde jovem, nas lutas de 2013 por transporte público. Também fui eleita a cipeira mais votada na Carris. À frente do Neabi da UFRGS, fizemos, em plena pandemia, campanha contra a fome em apoio aos quilombos, aldeias indígenas e bairros periféricos. No movimento negro, na AssUFRGS, estivemos junto a lideranças da UFRGS conquistando a paridade e a destituição do reitor imposto por Bolsonaro.
Mas já estou acostumada, é sempre assim: quando uma mulher negra vem ocupar espaços de poder, vem uma avalanche de críticas infundadas. Mesmo no PSOL, enfrento críticas machistas de setores minoritários descontentes.
Manuela, aprendi com meu povo, comigo é papo reto. Se você diz que não está criticando Luciana e nem Maria do Rosário, você está criticando meu nome? Você acredita que para ser vice-prefeita de Porto Alegre tenho de ser parlamentar? Não posso ser uma liderança social? O que o Brasil precisa é mudar a correlação de forças sociais, para enfrentar os ataques da ultra direita à maioria da população.
Agradeço ao partido pela coragem de enfrentar esse desafio. Sim, sou uma mulher negra que veio da periferia e sigo trabalhando. Tenho uma família que passou tremendas dificuldades econômicas, mas não desisti nunca! Sei reconhecer quando se aposta e se apoia uma luta. Karen, quando se elegeu a vereadora mais votada, também foi uma maravilhosa surpresa. O PSOL acredita que continuará produzindo surpresas positivas. Falar que o PSOL esqueceu das lideranças negras, me ofende. Dizer que o PSOL não quer unir a esquerda é afirmação de quem não está acompanhando de perto a política da cidade. É para isso que estamos trabalhando. E Luciana já me disse diversas vezes que abre mão tranquilamente da sua candidatura e se sente representada por mim na unidade, mas isso se o programa for construído e se mostrar um programa e uma campanha com a cara do PSOL e da mudança.
Estou, como sempre, pronta pra luta. Espero contar com o apoio de todos aqueles que estão no dia a dia do povo, vendo de perto as dificuldades e preocupados em debater propostas para resolver os problemas reais da cidade.