A prefeitura de Porto Alegre avalia não mais implodir o Edifício Galeria XV de Novembro, conhecido popularmente como Esqueletão. Preocupados com as consequências de se usar dinamite para levar abaixo a construção inacabada, vizinhos do imóvel - principalmente os proprietários da Galeria do Rosário - solicitaram a revisão de entendimento.
Segundo o secretário municipal de Obras e Infraestrutura, André Flores, a decisão será tomada nos próximos dias. Se a ideia for confirmada, o restante do prédio será demolido da forma atual, mais lento do que o de uma implosão.
— É uma reivindicação de moradores vizinhos. Há um medo. É inegável. Nós vamos tomar a decisão. E será uma decisão técnica. Essa decisão vai ocorrer nos próximos dias. sempre primando pela segurança das pessoas — informa Flores.
Inclusive, uma vistoria será realizada nesta sexta-feira (25) no entorno do Esqueletão. Representantes da prefeitura e dos comerciantes irão se encontrar.
— Eles são totalmente favoráveis a retirada do Esqueletão, a destruição. Mas como está havendo algum impacto, eles também têm receio quando for ocorrer a implosão dos andares mais baixos — destaca o vereador Marcos Felipi Garcia, que tem ouvido os comerciantes e levado a preocupação para a prefeitura.
Demolição
O processo para desmonte do prédio começou em janeiro de 2024, mas foi embargado um mês depois. Em agosto, a empresa conseguiu autorização para retomar o trabalho, o que se viabilizou em setembro com a destruição dos quatro andares da estrutura ao fundo do terreno.
Já a demolição da torre principal do Esqueletão, completou três meses. Dos 19 andares, restam apenas 11.
Quando os trabalhadores chegarem ao 9º andar, a prefeitura precisará aprovar a terceira etapa do projeto com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A expectativa de Flores é que o terreno estará limpo e cercado em dezembro.
Até agora, 470 toneladas da construção vieram abaixo. Desse total, 160 toneladas já foram removidas. Outras 150 toneladas de ferro já estão separadas para transporte.
Ocupação
Inacabado desde a década de 1950, o Esqueletão já foi interditado administrativamente pela prefeitura em pelo menos duas ocasiões, nos anos de 1988 e 1990. Também já houve interdição judicial em 2019. Nos primeiros dois andares, lojas vendiam seus produtos. Mas a prefeitura encontrou vestígios de ocupação do imóvel até o 7º pavimento.
Depois da demolição
Ainda não se sabe o que será feito com o terreno após a demolição do Esqueletão. O prédio tem cerca de 50 proprietários e há dívidas em IPTU. Em setembro de 2021, a Secretaria Municipal da Fazenda (SMF) avaliou o imóvel em cerca de R$ 3,4 milhões.
Já o custo da demolição será de R$ 3,79 milhões, que está sendo arcado pela prefeitura de Porto Alegre. Quem irá dizer como a administração municipal será ressarcida e qual será o futuro do terreno será o Judiciário.