
Será sepultado nesta sexta-feira (25), em Caçapava do Sul, o homem que ficou conhecido nacionalmente por construir o próprio túmulo, com uma churrasqueira no topo.
O pedreiro Osório Oliveira da Rosa, o "Osorinho", morto aos 85 anos, era uma figura conhecida e carismática no município da região central do Estado. Ganhou fama ao preparar, com as próprias mãos, o caixão onde queria ser colocado e uma sepultura de três andares, no Cemitério das Catacumbas.
O jazigo tem capela e terraço para preparar churrasco, paixão dele, junto com o Sport Club Internacional. Tanto que os familiares e amigos prepararam uma carne assada ali, durante o velório, na tarde desta sexta.
— O tio Osorinho unia fé, tradição gauchesca e amor pelo Colorado. Era também muito elegante com as mulheres da cidade, a quem distribuía flores, mesmo para as que não conhecia. Até a médica que cuidou dele nos últimos dias chorou ao constatar que ele não sobreviveria — relata a comerciária Odelma Xavier, casada com um sobrinho de Osorinho.

Osorinho faleceu de problemas renais, ocorridos após uma fratura de fêmur que o deixou com problemas de locomoção. Conforme seu desejo, o cortejo fúnebre será realizado em um carro de boi, numa homenagem que resgata as raízes do campo e valoriza os costumes locais.
Outra peculiaridade: o pedreiro e tradicionalista pediu para ser sepultado em pé. O desejo será atendido, diz Maiko Araújo, proprietário da Funerária do Forte, encarregada de preparar o velório e sepultamento. Conforme conhecidos ouvidos pela reportagem, Osorinho se orgulhava de ser uma pessoa ativa e, por isso, achava que deitar no túmulo seria uma atitude preguiçosa.

Reportagem no Faustão
Osorinho deu a Caçapava do Sul um instante de fama ao virar notícia na TV Globo em setembro de 2013, ao aparecer numa reportagem do Domingão do Faustão. A repórter Carol Nakamura foi até o município gaúcho para mostrar as excentricidades do pedreiro e o entrevistou ao vivo.
— O seu Osório deixou tudo prontinho para o enterro dele e está preparando um velório e tanto! Ele mesmo fez o caixão, com detalhes bem coloridos. O ataúde fica na sala dele, tem almofadinha, todo bem cuidadinho — descreveu Carol, na época.

Como surpresa para Osorinho, a produção do Domingão do Faustão contratou figurantes vestidos com roupas típicas gaúchas e organizou um churrasco no cemitério, na laje do túmulo. Ele ficou muito emocionado e desfilou de carro de boi, com a repórter, pelas principais ruas de Caçapava.
Conforme Maiko, Osorinho levou quatro anos preparando o túmulo. Costumava levar material de construção num carrinho de mão, diariamente, até o cemitério, onde ele próprio montou o jazigo, tijolo por tijolo. É um verdadeiro mausoléu, pintado com as cores do Rio Grande do Sul. O detalhe exótico ficou por conta da churrasqueira no terraço, que deve ser reinaugurada pelos familiares, repetindo a cinematográfica performance do Domingão do Faustão, durante o velório.
A filha Vera da Rosa diz que nunca apreciou muito os desejos exóticos do pai, mas vai seguir as orientações. Fala que ele sempre honrou um hábito ensinado aos familiares: "Viva com alegria, faça tudo bem feito".
Osorinho deixa os filhos Vera e João Carlos e os netos Dejavan, Laura e Maria Eduarda.