Quem passa pela Avenida Mauá pode avistar, sobre o pórtico central do cais, velas e bandeiras de uma embarcação que parece ter vindo do século 19. O navio veleiro Cisne Branco, espécie de embaixada flutuante da Marinha do Brasil, atracou nesta terça-feira em Porto Alegre, depois de oito anos da última "visita", e ficará aberto ao público de forma gratuita nesta quinta-feira, no sábado e no domingo, das 14h às 18h.
A embarcação foi encomendada de um estaleiro de Amsterdã, capital da Holanda, para as comemorações de 500 anos de descobrimento do Brasil em 2000 e é utilizada para representar a Marinha em eventos náuticos nacionais e internacionais, capacitar novos marinheiros e lembrar a "vocação marítima que nosso povo tem", segundo o comandante, capitão de Mar e Guerra João Alberto de Araujo Lampert. Com uma tripulação de 52 homens (sendo 10 oficiais e 42 praças), ele saiu do Rio de Janeiro no começo do mês para uma viagem de representação de 37 dias por portos do Sul do Brasil.
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Além do balanço da embarcação em pleno Guaíba, os visitantes poderão sentir que voltaram ao passado sob as 32 velas brancas da embarcação, ao mesmo tempo em que conhecem como funcionam equipamentos modernos de navegação. As velas são a propulsão principal, mas, por eventualmente entrar águas onde não há condições de velejar, o navio conta também com um motor a diesel.
– O layout é inspirado nos clippers, navios veleiros de grande eficiência do século 19, mas o Cisne Branco é um navio que também tem as modernidades do século 21, com equipamentos de radar, meteorologia, GPS, de segurança e combate a incêndio – destaca o comandante.
A embarcação ainda conta um pouquinho da história do país. No lobby que dá acesso ao salão principal, há uma imagem de Nossa Senhora da Boa Esperança igual à trazida pela frota de Pedro Álvares Cabral na descoberta do Brasil. A réplica foi um presente do governo de Portugal à Marinha e ao Cisne Branco e foi feita por descendentes dos artesãos que esculpiram a peça original, de acordo com Lampert.
Para homenagear a cidade e embelezar o Cais Mauá, o acervo de bandeiras navais da embarcação – que representam letras, números ou mensagens – foi exposto sobre as velas, formando um arco ao redor do barco.
– É um embandeiramento de gala que a gente está fazendo para Porto Alegre – diz o comandante.
Cisne Branco – o xará
Não é uma coincidência rara que leva o navio veleiro da Marinha do Brasil a ter o mesmo nome da embarcação de passeio de Porto Alegre que afundou na tempestade de 29 de janeiro – e foi levada para restauros em estaleiro de São Jerônimo no começo do mês. Ao todo, há 110 embarcações com o mesmo nome no Brasil, segundo o sistema de gerenciamento de embarcações da Marinha.
Essa popularidade ocorre porque "Cisne Branco" é o nome do hino da Marinha do Brasil. A letra faz uma analogia entre a beleza e graça de um cisne branco e uma galera navegando. A figura do cisne também representa "boa sorte" e "feliz travessia" na simbologia heráldica.
O Cisne Branco da Marinha em números:
- Comprimento total: 76 metros
- Boca (largura): 10,50 metros
- Altura do maior mastro: 46 metros
- Número de velas: 32
- Velocidade máxima a vela: 17,5 nós (32 km/h)