Depois de ter mantido a criação do juiz de garantias no pacote anticrime, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (2) que acha que a medida é de difícil implementação no país.
— Eu acho difícil a implementação do juiz de garantias. O problema está lá com o Judiciário, está lá com o Legislativo, está certo? E vai ser decidido, mas vai levar anos para decidir essa questão aí — afirmou o presidente durante sua live semanal pelas redes sociais.
Ao sancionar o pacote anticrime em dezembro, uma das principais bandeiras do ministro da Justiça, Sergio Moro, Bolsonaro ignorou a maioria das sugestões enviadas pelo ex-juiz da Lava-Jato.
Entre as diversas divergências entre o presidente e Moro, duas são consideradas mais importantes: a criação do chamado juiz de garantias e o impedimento de um juiz proferir sentença ou acórdão em caso que ele declare alguma prova do caso como inadmissível.
Durante a transmissão ao vivo nas redes sociais, Bolsonaro se disse injustiçado pelas críticas que recebeu pela sanção do texto.
— Ninguém falava nada do juiz de garantias. O Congresso aprovou.... zero (críticas). Ficou um tempão na minha mesa. Quando eu resolvi sancionar, pronto. Daí apareceram os constitucionalistas, aquelas pessoas que são especialistas no assunto, para meter fogo em mim — disse.
Ele afirmou que os críticos deveriam reclamar de quem criou a proposta. A figura do juiz das garantias não existia na versão do projeto encaminhado por Moro ao Legislativo, mas foi incluída por parlamentares durante a tramitação.
— Agora, o juiz de garantias, na minha análise, não é isso que a crítica bota para fora. Você tem que se colocar na situação da pessoa que algumas vezes se encontra lá na base. Em todas as profissões temos bons e maus. Se você vai na mão de um mau, você está complicado — concluiu o presidente.