Seis meses depois de identificar um câncer raro no olho direito, Renato Justi, mais conhecido como Professor Renatão, vê a batalha contra a doença com otimismo — em especial depois da ajuda que tem recebido durante o tratamento.
Conhecido em Passo Fundo pela atuação no esporte profissional e amador, o professor Renatão tem um tumor na camada vascular da parede do globo ocular (coroide) — tipo raro que atinge oito a cada 1 milhão de pessoas.
Mas a boa notícia é que o cisto, inicialmente de 9 milímetros, já reduziu para 6,7mm, conforme verificado na revisão de 21 de janeiro.
— Em quatro meses de tratamento melhorou 24%. Os médicos ficaram apavorados. Foi muito significativo. Também me avisaram que minha visão melhorou 8%, mas ainda não consigo perceber isso — conta.
Desde que descobriu a doença, Renato se esforça para manter a positividade:
— Não é fácil. O mais difícil é a aceitação. Tu fica pensando 50 mil vezes, tu não quer ir contra Deus, e dizer: "Porque Deus me deu isso? Porque deu em mim?". Eu sou uma pessoa saudável, faço atividade. Às vezes quando saio me perturba a visão turva, mas de resto estou sabendo lidar.
Como tudo começou
O professor sentiu algo estranho no olho direito em agosto de 2024, enquanto assistia as Olimpíadas de Paris. De início acreditou que a sensação semelhante a um "embaralhamento" pudesse estar ligada à diabetes, que já tratava à época. A primeira atitude foi ligar para a oftalmologista de confiança, que receitou um colírio.
Três dias depois, decidiu realizar uma consulta para descobrir a causa do desconforto que não passava. Depois dos exames veio a notícia do tumor.
— Não tem explicação. Ninguém sabe explicar como eu tive isso. Os melhores médicos com quem eu me consulto em São Paulo, são os primeiros na América Latina, e não sabem explicar o porquê — conta.
A indicação de tratamento do médico que deu a notícia da doença para Renato foi clara e direta: braquiterapia — um tipo de “radioterapia interna” que realiza um tratamento local para uma parte específica do corpo. No procedimento, o cirurgião introduz uma placa que emite radiações para reduzir o tumor.
No dia 4 de setembro, às 8h, o professor Renatão passou por cirurgia para introduzir a placa no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Dez dias depois, voltou no mesmo procedimento para a retirada da placa.
Ajuda a Renatão
O segundo susto depois do tumor foi o valor do tratamento. Até o momento, Renato já gastou mais de R$ 80 mil.
— Na hora que soube quanto custava pensei: "Meu Deus, vou ter que vender meu apartamento" — lembra.
Através da solidariedade de conhecidos e amigos, foi possível reunir uma quantia significativa em dinheiro para custear o tratamento.
Além de rifas, uma corrida solidária foi realizada em 8 de setembro com o objetivo de arrecadar fundos para auxiliar a causa. O valor era de R$ 30 por participante. No total, 420 pessoas se inscreveram e 80 participaram da atividade.
A ajuda chegou de todos os lados. Fosse R$ 10, R$ 100, R$ 1 mil ou R$ 10 mil, cada um ajudava como podia.
— Eu estava assistindo um jogo, dos meus campeonatos, e um pai chega e me fala: "Renatão, o meu piá, aquele gurizinho número 11 que tá jogando me pediu o teu Pix". Cheguei em casa e tinha R$ 10 depositados pelo gurizinho — conta.
O valor arrecadado foi o suficiente para realizar as intervenções e consultas até o momento. A próxima consulta, em 29 de abril, também deve ser custeada pelas doações.
— Essa próxima consulta em São Paulo é para seguir monitorando e fazer outro exame para ver se o câncer está regredindo. A radiação segue no olho queimando o câncer. Desde o dia que descobri a doença meu olho segue enuviado, mas deve voltar ao normal — disse o professor, esperançoso.
— Todas as pessoas que me ajudaram também me dizem que estão orando para mim. Me falam "Renato, vou te colocar no Reiki". Eu digo: pode colocar. Outro fala "Posso fazer um passe para ti?". Eu digo: pode. Toda ajuda é bem-vinda — concluiu.