Espero que você esteja sentado e se sentindo confortável para ler aquela que, muito certamente, será a notícia mais impactante da sua semana. Pronto? Não diga que foi por falta de aviso. Lá vai: mudei a mesa da minha casa de lugar.
Sim, eu sei. Impactante. Urgente que só.
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Por essa nem eu esperava. Já fazia um bom tempo que eu tinha me acostumado com a mesa de jantar encostada na parede, exatamente como sempre foi desde o primeiro dia em que ela aterrissou aqui em casa. Entretanto, no mês passado eu precisei mudá-la de lugar por puro acaso mesmo, e foi aí que eu me senti idiota por nunca ter feito isso antes.
Assim como a maioria das coisas, mudar a mesa de lugar era algo tão simples que, talvez por ser justamente simples, nunca pensei em fazer. Para mim sempre ficou claro de que aquele era o lugar dela e que não existia outro formato à disposição. O ato foi simbólico – assim como tantos sinais que acabam cruzando nosso olhar e, por ser tão difícil penetrar a sensibilidade das coisas, ignoramos –, mas foi como se aquilo pintasse a minha sala branca com diversas cores. Afinal, o redescobrir é sempre colorido, porque vive e pulsa e é latente.
Olhando para a minha mesa de jantar agora, percebo que talvez seja melhor assim, quando todas as nossas certezas são bagunçadas e os acasos nos proporcionam visões que jamais havíamos previsto. De uma forma ou outra, acostumamos a limitar tudo ao nosso redor: das pessoas aos objetos da nossa sala. Acreditamos que tudo está como deveria estar, e que mudar (o que quer que seja) de uma gaveta para outra faz com que a gente se perca, quando na verdade isso é treinamento puro e essencial para o cérebro. É desafiar-se nos detalhes do dia a dia.
Inegável dizer que adoramos pautar diversos momentos da vida com o famoso “se”. E se eu tivesse ficado? E se eu não tivesse largado daquele emprego? E se eu falasse o que sinto? E a resposta para todas as perguntas é um grande “tanto faz”, já que tudo nem chega a existir, visto que não houve tentativa. Quem sabe a grande ideia seja trocar o “se” pelo “re”, proporcionando assim diversas (re)descobertas, (re)conhecimentos, (re)encontros – consigo antes de tudo –, (re)planejamentos, e por aí vai... Até porque, nada precisa ser para sempre igual, muito menos dar certo de primeira.
Por fim, que a vida seja um eterno (re)decorar: fotos sempre atualizadas nos porta-retratos, vasos de flores nas estantes onde antes dormiam decorações de um gosto que já morreu, e principalmente mesas de jantar em constante processo de mutação. A bagunça é o paraíso para quem pensa ter a certeza de tudo.
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