
Tenho resolvido abrir mão de tudo aquilo que me afasta da tranquilidade. Se antes eu batia o pé em um gesto de pura teimosia e escolhia os melhores argumentos para provar que estava certo, hoje me dedico ao silêncio. Para quem é cabeça dura (e aqui me incluo), abrir mão mexe diretamente com o orgulho — algo que poucos conseguem enfrentar. Ao mesmo tempo, abrir mão também proporciona uma paz tão bem-vinda que acaba valendo a pena.
A primeira vez que abri mão no meio de uma discussão foi ao perceber o tanto de energia que gastava tentando fazer o outro concordar comigo. O momento foi quase um despertar tardio, no qual me dei conta de que, independentemente do que eu fizesse, o outro manteria seu ponto de vista a qualquer custo. Até porque, o outro sempre será o outro. E isso envolve ter um pensamento que, muitas vezes, difere do nosso. Insistir e contra-atacar só me fazia sair exausto de uma discussão que não levava a lugar algum.
E nem é questão de se acovardar ou simplesmente escolher o caminho mais fácil. Pelo contrário: hoje penso que abrir mão exige muito mais do que coragem — exige maturidade e inteligência emocional, algo que só conquistamos com o tempo. Ainda não posso dizer que ninguém tira a minha paz, afinal, nunca estamos imunes aos conflitos que podem nos encontrar na próxima esquina. Porém, posso afirmar que estou mais blindado do que nunca, justamente porque fugir de embates desnecessários me fez criar uma casca (ou uma armadura, se preferir) que me mantém equilibrado o suficiente para não desperdiçar energia à toa.
Logo eu, que sempre fui um poço de teimosia, hoje prefiro estar em paz a estar certo. Prefiro o “cada um com a sua opinião” ao “você precisa me entender”. Quem quiser, vai nos entender... mesmo discordando. E, no fim das contas, abrir mão não é perder e, sim, ganhar — tempo, sossego e até mesmo melhores relações. No final do dia, a vida não é sobre quem venceu a discussão, mas sobre quem conseguiu fechar os olhos e dormir em paz.