Com o objetivo de construir duas pontes provisórias sobre o Rio Caí, foi apresentada nesta sexta-feira (2) a campanha #ReConstruindo Conexões, organizada por empresários, entidades associativas e prefeituras da Serra. A meta é arrecadar, por meio de doações, R$ 1,2 milhão, valor que bancará a instalação das travessias.
Uma delas ligará Caxias do Sul a Nova Petrópolis, nas proximidades onde é reconstruída a ponte da BR-116, danificada na enchente de maio. A outra irá ligar a área urbana da Feliz, que ficou dividida em duas após a passagem sobre o rio pela VRS-843, em Picada Cará, ter sido levada pelas águas.
A iniciativa nasceu após um encontro dos prefeitos de Caxias do Sul, Nova Petrópolis, Picada Café, Feliz e Gramado, realizada em 24 de julho, logo após o Dnit confirmar que não seria levada adiante a obra da ponte provisória que o órgão estava coordenando.
Os municípios se juntaram para procurar uma solução e, a partir da união com empresários e entidades, foi definida a realização da campanha. O objetivo é que, se o tempo colaborar, as duas pontes estejam funcionando no início de setembro.
Para auxiliar na execução das obras foi contratada a Pontes do Sul, uma iniciativa de empresas criada para agilizar a recuperação de estruturas do RS.
De acordo com Clovis Schumann, membro da CDL Nova Petrópolis e um dos coordenadores da campanha, a escolha se deu pelo fato de a Pontes do Sul já ter experiência em projetos similares, inclusive na reconstrução da ligação entre Nova Roma do Sul e Farroupilha, sobre o Rio das Antas, feita no ano passado.
Schumann destaca o caráter comunitário do projeto, com a união de diversos setores em busca de uma solução urgente. Ele reconhece que a motivação econômica para a ação, especialmente para incentivar o setor do turismo, mas ressalta que há também um caráter humanitário para facilitar a vida de muitas pessoas prejudicadas pela falta de ligação entre as cidades.
— Quem precisa ir três vezes por semana fazer hemodiálise ou tratamento oncológico sofre muito. A gente tem que ter um pouco de piedade com essas pessoas e se colocar no lugar delas, fora os estudantes, pois há uma leva muito grande que estuda em Caxias. Em função disso, a gente criou essa iniciativa — aponta Schumann.
O projeto prevê a construção de duas pontes baixas, ao estilo da Ponte do Bananal, localizada em Vale Real, e que hoje se tornou a travessia mais prática sobre o Caí. Em caso de chuva, as passagens eventualmente poderão ficar submersas, o que não é visto como uma grande dificuldade pelo coordenador:
— Vai ser uma coisa muito esporádica se o rio subir. E hoje nós não temos nada. Então, se ficarmos um ou dois dias sem e depois voltar o acesso, nós estaremos no lucro.
A ligação entre Caxias e Nova Petrópolis será feita com galerias de concreto retangulares, de dois metros por dois metros de largura e um metro de profundidade, e que serão unidas e fixadas para dar a passagem sobre elas. O prazo para cura do concreto que vai unir as peças é de 14 dias, e a passagem de veículos já pode ocorrer no 21º dia. Já a ponte sobre Feliz irá utilizar contêineres como base de fixação.
Embora no início fosse discutida a construção de apenas uma ponte provisória, a campanha #ReConstruindoConexões decidiu executar duas obras.
Segundo Schumann, isso se dá por um motivo prático, que é o fato de a travessia na Feliz ficar em um patamar mais alto, com menor possibilidade de ficar submersa por uma nova cheia do Caí, funcionando como uma alternativa à outra via. Além disso, ele ressalta que há também um caráter social, de agradecimento à comunidade.
— O município de Feliz está nos ajudando um monte. Desde o ano passado, usamos muito a estrutura deles. Então, agora, a gente tem que dar a contrapartida, ainda mais que eles têm essa necessidade, já que o centro deles está dividido. Como eles nos ajudaram quando fechou a BR, nós temos que ajudar agora — defende o coordenador.
Como será usado o valor arrecadado
O valor de R$ 1,2 milhão orçado pela campanha será usado para pagar galerias, contêineres, concreto e obras de drenagens necessárias. Já os trabalhos nos acessos e cabeceiras serão de responsabilidade das prefeituras, cada uma em seu território. O prefeito de Caxias do Sul, Adiló Didomenico, reitera o apoio à iniciativa, e exalta a importância econômica dela.
— Embora a ponte nova esteja andando em um ritmo muito bom, e ontem (sexta-feira, 2) nós estivemos lá conferindo, ela só vai ficar pronta no fim do ano ou começo de janeiro, e a região não pode esperar, pois depende muito do turismo. Então, nós nos colocamos à disposição, e Caxias vai bancar um total de R$ 300 mil ou R$ 400 mil do trabalho das máquinas, enquanto Nova Petrópolis fará a sua parte — revela o prefeito.
Adiló ainda revela que as pedras que estavam sendo usadas pelo Dnit no projeto abandonado de ponte provisória serão repassadas às prefeituras, reduzindo os gastos com material. Na ponte que será construída em Feliz, os primeiros trabalhos já foram iniciados na sexta-feira (2). Já no trecho entre Caxias e Nova Petrópolis, as obras devem começar na terça-feira (6).
A campanha Reconstrua #BR-116, que auxiliou na recuperação de estruturas do Vale do Caí logo após a enchente, também vai colaborar na nova iniciativa. O pix para doações ao #ReConstruindoConexões é contato@cdlnovapetropolis.com.br.