Por Marcio Aguilar, Advogado e Presidente do Sindicato das Sociedades de Fomento Comercial-Factoring do Rio Grande do Sul (Sinfac-RS)
O primeiro trimestre de 2025 aponta para um crescimento da economia brasileira, impulsionado pelo setor agrícola, com destaque para a safra de verão, que promete ser a maior da história. No entanto, analistas econômicos preveem uma desaceleração nos próximos trimestres, além dos efeitos da taxa Selic, o "remédio amargo" utilizado para conter a inflação.
O Copom optou por elevar a taxa Selic de 13,25% para 14,25% ao ano, alcançando seu patamar mais elevado desde 2016. A alta dos juros terá impacto imediato e no médio prazo. A dúvida era se a Selic continuaria subindo até atingir ou ultrapassar 16% ao ano, como parte do mercado especulava, ou se haveria um alinhamento com a visão do governo, que defende uma redução para estimular o crescimento econômico — ainda que isso possa comprometer o controle da inflação e aumentar a dívida pública.
Esse movimento pode gerar dois efeitos imediatos: a redução do volume de vendas e o aumento da inadimplência
A elevação da Selic será determinante para a organização do setor produtivo nos próximos anos. Para o setor de fomento comercial, o aumento da taxa de juros pode, à primeira vista, parecer benéfico, pois eleva o custo do dinheiro. Contudo, esse efeito não se sustenta. O aumento nominal do crédito onera o tomador, que inevitavelmente repassa esse custo ao consumidor final, encarecendo produtos e serviços.
Esse movimento pode gerar dois efeitos imediatos: a redução do volume de vendas e o aumento da inadimplência. Empresas e famílias já vêm refinanciando dívidas, alongando prazos para evitar problemas de liquidez. No entanto, as oscilações do mercado afetam essa liquidez, resultando em atrasos no cumprimento das obrigações e maior risco econômico.
O cenário não é favorável, e juros elevados tampouco são uma solução ideal. No entanto, medidas restritivas podem ser necessárias para preservar o poder de compra do real e garantir a estabilidade econômica conquistada nas últimas décadas. Resta agora acompanhar os próximos passos do Banco Central e como essa política monetária influenciará o comportamento da economia ao longo de 2025.