
A semana trouxe mais uma frustração de expectativa em relação à ocupação da Maesa. Repassado à prefeitura de Caxias ainda em 2014, o prédio histórico de 53 mil metros quadrados tem apenas uma fração dessa área utilizada, e os debates e tentativas de ocupação do restante tiveram pouco resultado até hoje. Na última terça (25) a administração confirmou, por falta de interessados aparentes, a suspensão do edital que concedia um espaço para a implantação de um mercado público.
Designado para centralizar as ações relativas à Maesa, o vice-prefeito Edson Néspolo diz que já há um diagnóstico de falhas no edital, com pelo menos quatro grandes questões que precisam ser modificadas. Durante entrevista à Rádio Gaúcha Serra, ele defendeu que a administração não pode perder tempo, e defende uma retomada do edital de concessão já neste mês de abril.
Gaúcha Serra: A prefeitura percebeu que não ia ter nenhum interessado no edital que vence no dia 31, e por isso se antecipou. Uma ação preventiva, vice-prefeito?
Edson Néspolo: São processos novos que estão sendo implantados. Essas parcerias público-privadas são um assunto novo na prefeitura de Caxias. Nós tivemos um êxito na questão da PPP da iluminação pública e a gente vê hoje que está sendo exitosa a troca de lâmpadas por LED. E mais do que isso, a gente vê que isso tem dado certo. E a Maesa é uma questão também nova. São sistemas novos, e essas parcerias estão começando agora.
Então, o que a gente percebeu nos últimos dias? Com participação muito forte do MobiCaxias e lideranças da CIC, UAB e Câmara de Vereadores, nestes meses de fevereiro e março nós tivemos reuniões e colocamos, inclusive para fundos internacionais, a situação e o potencial da Maesa. Colocamos isso também para a terceira maior construtora do Brasil.
Foram grandes apresentações para três grandes grupos, e o que a gente viu no final de todo esse processo? Mesmo vendendo a ideia de que a Maesa é um bom produto, e nós acreditamos nisso, a gente viu que não teria interessados, ao menos nenhuma das três que a gente fez contato.
Claro que o edital é público e poderia qualquer empresa participar, e talvez até alguém viesse. Mas naquelas que foram contatadas a gente viu que há algumas ressalvas, e tínhamos que fazer ajustes. E aí, no bom senso do prefeito, nós suspendemos para fazer as adequações possíveis.
E corrigindo os pontos que esses grandes grupos apontaram, eles considerariam o produto Maesa como interessante? E quais são essas questões?
Essas conversas com o Mobi e com a CIC nos fizeram entender que tem que ser um negócio bom para todo mundo. Nós estamos falando de um prédio quase centenário, onde foi uma metalúrgica, e que tem resíduos que, quando forem mexidos, podem gerar problemas ambientais, pois não se sabe bem qual é a complexidade. É um prédio que tem que restaurar, e seguir regras de recuperação de prédio histórico tombado é mais caro do que fazer uma construção normal. Então, tudo isso tem que ser levado em consideração.
Entre os pontos principais que a gente vai tentar melhorar, um é estacionamento. Tem que ter algum espaço ali que seja um estacionamento. Isso hoje é fundamental em qualquer negócio do mundo. Ninguém vai ir no mercado público se não tem onde estacionar e com uma certa facilidade.
Nós vamos tentar indicar uma área lá dentro que possa ser transformada num estacionamento.
Essa necessidade já não tinha aparecido antes, Néspolo? O senhor não estava na gestão passada que fez o edital, mas não seria meio lógico ter previsto essa questão do estacionamento?
São observações que surgiram agora, nessas discussões. Uma segunda questão é a ideia da prefeitura continuar ocupando aquele espaço. Tem secretarias, e isso é uma dedução lógica, que estão pagando aluguéis e podem ir ali para dentro.
Aí tu vais dizer também que isso aí é uma questão lógica, mas a gente precisava indicar isso de uma forma que tenha um plano. E o que o investidor vai ver nisso? Se vão para lá três ou quatro secretarias, é um público-alvo que pode consumir no mercado público. Então, nós pretendemos agora indicar um plano de ocupação para os próximos três anos onde, além de dar uma viabilidade de ocupação na Maesa, também desafogue a questão dos aluguéis da própria prefeitura.
A terceira questão que me parece importante, e tu vais dizer que também já poderia ter sido visto, mas a gente observou agora: ninguém vai fazer um investimento no mercado público para ter lá açougue, fruteira, peixarias, restaurantes e etc., sem ter uma garantia de que no resto da Maesa não terá concorrência. Nós temos que colocar isso no edital e dizer que a área do mercado público será exclusiva e não haverá concorrência.
Um outro item é a questão da logística. A gente precisa colocar no edital um estudo que diga que, assim que estiver concluída a questão do mercado público, nós melhoraremos a logística. Isso envolve vários itens, e um deles são linhas de acesso que chegam e saem da região do mercado público. Vamos assumir esse compromisso junto à Visate e à Secretaria de Trânsito.
Então, são observações que a gente vai colocar de forma efetiva no papel. Isso deve dar uma tranquilidade para quem for investir, e nós não estamos falando de investimento de R $ 500 mil ou R$ 1 milhão. Nós estamos falando de valor que pode chegar a R$ 50 milhões ou R$ 100 milhões.
O que deve tomar mais tempo nessa reformulação? E o plano de ocupação total, ele deve ser seguido ou vai ter alguma modificação?
Sim, ele pode ser modificado, e mesmo que uma questão aparentemente óbvia, como o estacionamento, tem que ser indicada. Por ser um prédio também histórico, ele tem uma linha de sequência, e eu sinto as pessoas que trabalham lá também muito sensíveis a essa questão de encontrar uma alternativa. Inclusive pode ser retirado desse estacionamento um percentual que poderia retornar para a prefeitura, e criar um fundo com o fim de reinvestir na própria Maesa. A gente vai fazer tudo dentro desse mês de abril. Especialmente as questões que são típicas do mercado público, acho que a gente esgota agora no mês de abril ainda.
O prazo para relançar o edital é também abril?
Nós pretendemos esgotar as discussões e fixar o prazo legal que o edital manda, para que até o final de abril esse edital entre em vigor e seja como a gente está apostando.
Nós vamos continuar trabalhando, insistindo com investidores e trabalhando com forças que podem nos ajudar a trazer investidores para isso.