Por Claudia Meyer, diretora Jurídica do Afocefe Sindicato
As definições médicas a respeito do Transtorno do Espectro do Autista (TEA) que constam no CID-11 e no DSM-V são fundamentais para acessar serviços e direitos, mas são pequenas para definir a vida de cada pessoa. Cada autista é único. Dizem por aí, e confirmamos pela experiência, que quem conhece um autista, conhece um autista.
É necessário preparar a sociedade para uma harmoniosa convivência entre típicos e atípicos
Um marco foi a mudança do modelo médico, que considerava a deficiência um "defeito" da pessoa, para o modelo social de deficiência, no qual o "defeito" migra para o ambiente em que a pessoa está inserida. Daí surge um novo modelo de avaliação da deficiência, que é o biopsicossocial, onde a avaliação também é feita por outros profissionais da saúde e da assistência social, além da equipe médica. São consideradas as barreiras físicas e, no caso do autismo, as mais importantes, as barreiras atitudinais.
Sendo condição para toda a vida, que nasce e morre com a pessoa, é necessário preparar a sociedade para uma harmoniosa convivência entre típicos e atípicos ou neurodivergentes, cujo desenvolvimento foi afetado pelo TEA. É preciso ter meios para adaptar os ambientes na infância e na vida adulta, promovendo a inclusão escolar e o acesso ao mercado de trabalho, saúde, lazer, transporte e serviços públicos e privados.
Como dirigente sindical, militante e mãe de um homem autista, sempre me preocupei com o futuro e a vida adulta. Todas as pessoas devem ter acesso e direito a uma vida feliz e produtiva. Neste sentido, louvamos as cotas no ingresso em universidades, concursos e mundo do trabalho, política afirmativa que inclui aqueles que sempre tiveram mais barreiras para acessar espaços de escolaridade e formação.
Para informar a sociedade, no domingo (6/4), estaremos no Parque da Redenção, onde todo ano ocorrem rodas de conversa e a tradicional caminhada pelo Dia Mundial de Conscientização do Autismo (2/4), junto ao Instituto Autismo & Vida, associação sem fins econômicos e integrada por mães, pais, amigos e colaboradores de pessoas autistas.