Por Laura de Andrade, diretora-executiva da Associação Brasileira de Educação, Saúde e Assistência Social (Abess)
Abril é o mês dedicado à conscientização sobre o transtorno do espectro autista (TEA), com a campanha Abril Azul. A data que impulsionou esse movimento global foi o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, celebrado em 2 de abril e criado pela ONU em 2007. Posteriormente, foi incorporado ao calendário brasileiro por lei em 2018, com o intuito de promover reflexões fundamentais sobre os direitos e a inclusão das pessoas com TEA na sociedade.
Entre os diversos aspectos desta pauta, um tema que merece atenção é a inclusão escolar, peça-chave para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa, empática e plural. A verdadeira inclusão acontece quando o estudante com deficiência está inserido na sala de aula comum, convivendo e aprendendo com os colegas da rede regular de ensino. Ainda que o sistema educacional brasileiro enfrente inúmeros desafios, é preciso reconhecer a importância de criar caminhos viáveis para transformar a escola em um espaço realmente acolhedor e inclusivo para todos os envolvidos.
Outro ponto recorrente no debate sobre estudantes com TEA é a presença de monitores ou profissionais de apoio escolar. Embora a legislação assegure esse direito, a discussão vai além da simples designação desse profissional. A inclusão efetiva exige um trabalho multidisciplinar, voltado ao desenvolvimento da autonomia do estudante.
Todos os atores envolvidos devem estar comprometidos com esse processo
É essencial enxergar a pessoa com deficiência a partir de suas funcionalidades e potencialidades, e não pelo que ela não pode fazer. O papel da escola não é colocar um “cuidador” ao lado do estudante, mas sim compreender, de forma singular, quais são as suas reais necessidades e, a partir disso, definir estratégias de atuação. Cabe à equipe pedagógica estabelecer o primeiro vínculo pedagógico com esse estudante, respeitando seu tempo, seu jeito de aprender e suas especificidades.
Na campanha Abril Azul, é importante reforçar que a responsabilidade pela inclusão é da escola como um todo. Portanto, todos os atores envolvidos devem estar comprometidos com esse processo.