
A despedida de Osório Oliveira da Rosa, o "Osorinho", nesta sexta-feira (25), não poderia ser diferente. O pedreiro de 85 anos que construiu uma churrasqueira no próprio túmulo foi sepultado com um assado compartilhado com familiares, amigos e autoridades nas vielas do Cemitério das Catacumbas, em Caçapava do Sul.
O adeus inusitado atendeu a um pedido do idoso, que morreu em razão de problemas renais. O jazigo, contudo, já estava pronto há pelo menos uma década, com três andares, capela, terraço e a churrasqueira.
— O tio Osorinho unia fé, tradição gauchesca e amor pelo Colorado — relata a comerciária Odelma Xavier, casada com um sobrinho de Osorinho.
Ao som de Do Fundo da Grota, de Baitaca, e de Esse cara sou eu, de Roberto Carlos, conhecidos aproveitavam os aperitivos distribuídos em uma bandeja, enquanto os assadores mantinham a brasa acesa no túmulo.
O corpo de Osorinho chegou ao cemitério em um carro de boi, em cortejo pelas ruas da cidade. Outro pedido do pedreiro foi ser sepultado em pé. O pedreiro se orgulhava de ser uma pessoa ativa e, por isso, achava que deitar no túmulo seria uma atitude preguiçosa.
Conforme Maiko Araújo, proprietário da Funerária do Forte, Osorinho levou quatro anos preparando o túmulo. Costumava levar material de construção num carrinho de mão, diariamente, até o cemitério, onde ele próprio montou o jazigo, tijolo por tijolo.
É um verdadeiro mausoléu, pintado com as cores do Rio Grande do Sul. O detalhe exótico ficou por conta da churrasqueira no terraço.