O acusado de assassinar o presidente de uma companhia de seguros de saúde em dezembro passado em uma rua de Nova York, Luigi Mangione, 26 anos, declarou-se "inocente" do crime nesta sexta-feira (25), segundo meios de comunicação dos Estados Unidos.
Brian Thompson, 50, CEO da seguradora UnitedHealthcare, foi morto a tiros em 4 de dezembro de 2024, em uma via pública em Manhattan.
A procuradora-geral dos Estados Unidos, Pamela Bondi, ordenou que os promotores que cuidam do caso de Luigi Mangione peçam a pena de morte para o acusado, no início de abril. Em comunicado, ela definiu o assassinato como "premeditado e a sangue-frio" e afirmou que decisão segue a agenda de Trump para "tornar a América segura novamente".
A acusação do jovem, realizada ainda em dezembro, caracterizava o assassinato como "ato de terrorismo". Alvin Bragg, promotor distrital de Manhattan, afirmou que a morte de Thompson "tinha como objetivo semear o terror".
O crime causou choque e também gerou comentários raivosos nas redes sociais contra as empresas de seguros médicos, refletindo a insatisfação existente entre a população com o sistema de saúde do país, que é acusado de lucrar à custa dos pacientes.
Relembre o crime
Brian Thompson, 50 anos, CEO da UnitedHealthcare, morreu 4 de dezembro de 2024 após ser baleado em frente a um hotel de luxo em Nova York, nos Estados Unidos.
O assassino conseguiu fugir e a polícia estava havia dias em operação de busca, com helicópteros, cães farejadores e analisando as câmeras da cidade.
Mangione foi detido em uma loja do McDonald's em Altoona, na Pensilvânia. A polícia estadunidense afirma que a arma apreendida com o suspeito parece ter sido feita em uma impressora 3D.
Conforme as autoridades, a polícia foi chamada por uma pessoa que o reconheceu por conta das imagens divulgadas pela investigação.
No momento da autuação, além da "arma fantasma", o suspeito levava um manifesto escrito a mão com críticas aos planos de saúde dos EUA, conforme relato de policiais ao jornal The New York Times.
Após vários dias de buscas pelas autoridades, Mangione foi reconhecido em um restaurante McDonald's em Altoona, Pensilvânia, e preso. Segundo as redes ABC e CBS, as impressões digitais do jovem são compatíveis com as encontradas próximo à cena do crime.
Quem é Luigi Mangione?
Conforme informações da imprensa internacional, ele era considerado um aluno brilhante e se formou em uma das melhores universidades do país. De acordo o NY Post, Mangione cursou Ciência da Computação na Penn State University, com foco em inteligência artificial, e havia sido o orador de sua turma no Ensino Médio.
Nas redes sociais, Mangione já havia demonstrado interesse pela vida de serial killers, como Ted Kaczynski (1942-2023). Conhecido como "Unabomber", o assassino era um gênio da matemática que mandava cartas-bomba aos alvos.
De acordo com o LinkedIn, Mangione morava em Honolulu, no Havaí, mas trabalhava como engenheiro de dados em uma companhia automotiva sediada na Califórnia.
A capa de seu perfil no X (antigo Twitter) tem a foto de um raio-x de sua coluna com pinos cirúrgicos. Conforme R.J. Martin, que morou com ele por cerca de um ano, Mangione sofria de fortes dores nas costas. Uma vez, após fazer aulas de surfe, ele precisou ficar de cama por cerca de uma semana em função desse problema de saúde, contou.
— Foi realmente traumático e difícil, sabe, quando você está na casa dos 20 e poucos anos e não consegue fazer algumas coisas básicas — explicou Martin à CNN.

Segundo o ex-colega de casa, as dores atrapalhavam a vida do jovem em diversos aspectos, incluindo os relacionamentos amorosos.
— Sua coluna estava meio desalinhada. Ele disse que suas vértebras inferiores estavam fora e acho que beliscou um nervo — contou ele ao canal norte-americano.
— Ele sabia que namorar e ter intimidade física com sua condição nas costas não era possível.
Na entrevista, Martin também recordou de conversas que teve com o suspeito sobre o sistema capitalista e as grandes empresas. Entretanto, ele afirma que não sentia "tendências violentas" nas falas do amigo.
Quem é a família Mangione?
A história dos Mangione começou com o avô de Luigi, Nicholas Mangione Sr., filho de imigrantes italianos da região da Sicília.
Nascido em 1925 no bairro de Little Italy, em Baltimore, Nick teve uma infância marcada por dificuldades, mas transformou essa pobreza em prosperidade ao lado de sua esposa, Mary Cuba Mangione.
O casal construiu e adquiriu propriedades que hoje compõem o império da família, incluindo hospitais, prédios de escritórios e comunidades residenciais.
Em 1978, eles adquiriram o Turf Valley Country Club e o transformaram em um resort luxuoso que inclui hotel, spa e campo de golfe.
Oito anos depois, compraram também o Hayfields Country Club, agora administrado pelos pais de Luigi, Louis e Kathleen Mangione.
Filantropia
Além dos negócios, Nick e Mary ficaram conhecidos por doações a instituições religiosas, culturais e de saúde. A unidade de obstetrícia do Centro Médico da Grande Baltimore, por exemplo, foi batizada com o nome da família.
A generosidade da família não se restringe a Maryland. Entre as instituições beneficiadas estão também o Instituto Kennedy Krieger, o Hospital Infantil de Pesquisa St. Jude e a Universidade Loyola.
O casal também criou a Fundação Família Mangione, que até hoje financia projetos de caridade na região de Baltimore.