Por Ellen Appel, gerente-executiva de Jornalismo da RBS TV e membro do Conselho Editorial da RBS
A inteligência artificial (IA) está transformando diversas áreas da sociedade, e com o jornalismo não é diferente. O avanço dessa tecnologia tem trazido novas formas de produzir, distribuir e consumir notícias. Ao mesmo tempo, levanta preocupações sobre transparência, ética e desinformação.
Nas redações, já é usada para automatizar tarefas operacionais, como transcrever entrevistas, analisar grandes bases de dados, gerar resumos e adaptar conteúdos para diferentes formatos, como TV, rádio e plataformas digitais
Nas redações, a IA já é usada para automatizar tarefas operacionais, como transcrever entrevistas, analisar grandes bases de dados, gerar resumos e adaptar conteúdos para diferentes formatos, como TV, rádio e plataformas digitais. A ideia é usar a inteligência artificial como apoio na análise de materiais, informações e tarefas repetitivas, para permitir que os profissionais se concentrem em atividades mais criativas, que garantam maior qualidade ao que é produzido, gerando mais valor e relacionamento com o público.
A utilização da IA no jornalismo é uma oportunidade que, claro, como qualquer novidade, impõe desafios. É uma mudança de cultura dentro das redações em primeiro lugar. Também é importante garantir que não haja desconfiança por parte do público. Que ele saiba quando a tecnologia foi usada na produção do conteúdo. A transparência se tornou essencial para preservar a confiança na informação jornalística, já que, quando mal adotada, a inteligência artificial pode disseminar conteúdos e notícias falsas.
Muitas empresas jornalísticas já estabeleceram diretrizes para o uso responsável da IA. Entre os princípios do uso da inteligência artificial do Grupo RBS, fica evidenciado que a IA não substitui a apuração e a checagem de conteúdo original. Saber que fontes buscar, garimpar a informação, checar os fatos, realizar a curadoria de notícias e produzir conteúdos para diversos meios é o que tem valor no jornalismo profissional. Ainda constam nas diretrizes do grupo o respeito aos direitos autorais e a proibição de que editoriais ou artigos de opinião sejam produzidos exclusivamente por IA. Além disso, em determinados conteúdos, quando necessário, deve se dar clareza ao público de que a IA é utilizada pelas redações como ferramenta auxiliar. Sempre com supervisão humana de um jornalista profissional.
Não há dúvidas de que a inteligência artificial veio para ficar nas redações e será uma importante aliada. Não irá substituir o olhar, o julgamento e a responsabilidade final dos seus profissionais. As equipes ganham agilidade para focar o nosso diferencial, que é produzir um jornalismo responsável, plural e ético. E, claro, que nos conecte ainda mais com os nossos públicos. _