
"Absolutamente horrível." Foi assim que Bella Ramsey definiu as condições de trabalho nas gravações da segunda temporada de The Last of Us, série disponível na plataforma Max. A atriz britânica de 21 anos disse que os desafios encontrados no set "amplificaram" seus "traços autistas".
Ramsey, que atende pelos pronomes they/them (elu/delu, em uma das possíveis adaptações para o português), revelou ao público o diagnóstico de autismo no final de março, durante a campanha de divulgação da nova temporada do seriado baseado no game homônimo. Na trama, sua personagem, Ellie, e Joel (Pedro Pascal) vivem dramas e aventuras em um mundo pós-apocalíptico repleto de humanos infectados por um fungo mutante.
Interpretar Ellie já é física e mentalmente desgastante. Em entrevista ao Hollywood Reporter publicada na terça-feira (22), Ramsey contou que muitas cenas externas da segunda temporada se passam em ambientes severos, com locações frias, molhadas e lamacentas. A hipersensibilidade sensorial pode ser um pesadelo para um ator autista.
— Ter que usar uma roupa impermeável por baixo do meu figurino foi absolutamente horrível — disse Ramsey. _ Eu tinha que fazer pouco caso disso no set, porque senão eu enlouqueceria. Tinha que tentar fingir que não estava acontecendo e me distrair, mas às vezes eu literalmente arrancava a roupa impermeável na hora do almoço. O cansaço também sempre amplifica meus traços autistas. Isso foi um desafio, com o passar dos meses.
Ramsey recebeu o diagnóstico de transtorno do espectro autista (TEA) enquanto gravava a primeira temporada. A busca pela avaliação de um especialista surgiu durante as suas conversas com o showrunner de The Last of Us, Craig Mazin, que tem um filho autista.
O diagnóstico explicou por que Ramsey teve dificuldades em certas situações e permitiu que, como disse à Vogue britânica, andasse pelo mundo com mais paz e indulgência em relação a si, sem se penalizar "por não ser capaz de realizar as tarefas fáceis do dia a dia que todos os outros parecem ser capazes de fazer".
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