O jornalista Henrique Ternus colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço
Unidos por uma aliança entre PSDB e MDB no Piratini, o governador Eduardo Leite e o vice-governador Gabriel Souza se dividem no pleito municipal. Nos cinco maiores colégios eleitorais, onde há possibilidade de segundo turno, os responsáveis pelo governo estadual ficam em lados opostos para apoiar seus candidatos às prefeituras, mas sem muito empenho nas campanhas.
O exemplo mais recente ficou evidente em Santa Maria: durante incursão pelo Interior, na quinta-feira (26), Gabriel participou de evento em apoio a Giuseppe Riesgo (Novo), que tem Magali Marques da Rocha, indicada pelo MDB, como candidata a vice. No mesmo dia, Leite apareceu na campanha de televisão do tucano Rodrigo Decimo, atual vice-prefeito, que tenta dar sequência ao trabalho de Jorge Pozzobom (PSDB). Na propaganda, o governador pede voto para Decimo, afirmando que "não dá para se arriscar por caminhos desconhecidos", em referência ao candidato do Novo.
Em Porto Alegre, governador e vice também seguem por caminhos opostos. Eduardo Leite até tentou que o PSDB estivesse representado na majoritária por Nelson Marchezan, mas precisou se contentar em apoiar Juliana Brizola (PDT) — campanha na qual Leite embarcou recentemente, tentando frear o crescimento de Sebastião Melo (MDB) nas pesquisas.
Gabriel participou da convenção que homologou a candidatura de Melo, no final de julho, mas não deu o ar da graça na campanha. Tanto Leite quanto Gabriel têm mágoa de Melo, já que em 2022 o prefeito apoiou Onyx Lorenzoni (PL) na disputa pelo Piratini em 2022, apesar de o MDB integrar a chapa do tucano como vice.
Em Canoas, Caxias do Sul e Pelotas os dois também estão em trincheiras opostas. Na disputa canoense, o PSDB está na coligação do prefeito Jairo Jorge (PSD), enquanto o MDB apoia Beth Colombo (Republicanos). Com seus partidos de fora das cabeças de chapa, Leite e Gabriel pouco se envolvem com a campanha na cidade.
Na Serra Gaúcha e na Zona Sul, entretanto, a situação é mais confortável para o governador. Em Caxias, os tucanos trabalham pela reeleição de Adiló Didomenico (PSDB), que tem o apoio direto de Leite, enquanto os emedebistas indicaram o vereador Felipe Gremelmaier para a disputa — com o aval de Gabriel Souza e do ex-governador José Ivo Sartori, que é quem mais participa da campanha.
Já em Pelotas — onde Eduardo Leite governou entre 2013 e 2016 —, o PSDB defende a manutenção do partido no comando da prefeitura pelo quarto mandato consecutivo, com Fernando Estima na disputa. Na tentativa de quebrar a hegemonia tucana, que já dura mais de uma década, o MDB apostou no ex-prefeito Irajá Rodrigues, de 88 anos, mas os verdadeiros adversários de Estima são Fernando Marroni (PT) e Marciano Perondi (PL).