
O jornalista Vitor Netto colabora com o colunista Rodrigo Lopes, titular deste espaço.
A carta divulgada nesta segunda-feira (10) por André Corrêa do Lago, presidente da COP30 — a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que ocorrerá em Belém —, não citou tópicos sensíveis da pauta ambiental, como a eliminação dos combustíveis fósseis.
Um dos pontos altos da carta foi a defesa do financiamento público para quebrar as barreiras da desigualdade entre os países na pauta da mudança climática. A COP29, realizada em Baku (Azerbaijão), por exemplo, frustrou ambientalistas, já que o valor estipulado para financiamento climático, de US$ 300 bilhões por ano até 2035, ficou longe dos US$ 1,3 trilhões reivindicados.
— Embora isso possa parecer idealista, a realidade é que há capital global suficiente para fechar a lacuna de investimento, embora haja barreiras para redirecionar o capital para a ação climática. Os governos, por meio de financiamento público e sinais claros para os investidores, são fundamentais para reduzir essas barreiras. Precisamos usar da melhor maneira possível a arquitetura financeira multilateral, remover as barreiras e resolver os entraves enfrentados pelos países em desenvolvimento no financiamento da ação climática.
Na carta, o presidente relembrou a importância do evento e que a conferência de 2025 é simbólica, já que marca os 20 anos do Protocolo de Kyoto e os 10 anos do Acordo de Paris. Na avaliação de Corrêa do Lago, o encontro irá nortear os próximos anos da humanidade.
— Houve um progresso coletivo significativo em direção ao objetivo de temperatura do Acordo de Paris. O Acordo de Paris está funcionando, mas há muito mais a ser feito — disse no comunicado.
O presidente também afirmou que é necessário o trabalho conjunto entre diferentes frentes, como governo, empresários e comunidade e que, para isso, é necessário um "mutirão".
— A COP30 pode ser a COP em que alinharemos esforços em todo o mundo: dos governos nacionais aos municipais, dos mercados de capitais internacionais às pequenas lojas de bairro, dos principais agentes tecnológicos aos inovadores locais, dos conhecimentos acadêmicos aos tradicionais — destacou.