
Aos amigos, os favores. Aos inimigos, a lei. É o que diz o velho ditado, que o presidente Lula faz questão de tornar atual com a concessão de asilo político a Nadine Heredia, ex-primeira-dama do Peru, esposa de Ollanta Humala. Pior do que isso, só o fato de um jatinho da Força Aérea Brasileira (FAB) estar esperando Nadine no aeroporto de Lima tão logo fosse concluída a sessão judicial que culminou na condenação à prisão dela e de seu marido, o ex-presidente.
Concessões de asilo são atos políticos — e o direito, em geral, é revertido quando muda o governo de turno, ou a ideologia de quem está no poder. Há exceções, claro. Principalmente no Brasil, o país das exceções. Alfredo Stroessner, o ditador paraguaio, viveu por 17 anos no país, desde que José Sarney o protegeu após ser apeado do poder. O autocrata vizinho morreu em bom lar em Brasília em 2006. Ou seja, além de Sarney, Fernando Collor de Melo, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e Lula garantiram que ele não fosse julgado em seu país pelas atrocidades aos direitos humanos que cometeu.
No caso de Nadine, o que desonra a nação é o fato do uso de um avião da FAB, pago pelo contribuinte, estar disponível para a ex-primeira-dama de forma tão rápida. Foi perspicaz o governo e o presidente, o comandante-em-chefe do país. É de surpreender a agilidade, sobretudo porque costumo ser um dos críticos diante da eventual lentidão das Forças Armadas para deslocamentos internos diante de tragédias como a que o RS viveu, em maio.