
No dia em que o mundo lembra os 80 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, durante a Segunda Guerra Mundial, o Rio Grande do Sul deu um passo fundamental contra o ódio racial e à intolerância contra os judeus, ao aderir à definição de antissemitismo da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA).
A assinatura pelo governador Eduardo Leite, nesta segunda-feira (27), ocorreu no Palácio Piratini, diante da presença do presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib), Cláudio Lottenberg, da presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul (Firs), Daniela Russowsky Raad, de outros integrantes da comunidade judaica gaúcha, de chefes de Poderes, de empresários e líderes de várias religiões.
Em discurso aplaudido de pé, Daniela usou a metáfora do canário para alertar sobre possíveis sinais de tempos sombrios. Ela contou que mineradores costumavam levar para as minas uma gaiola com um passarinho. Conforme o passar do tempo, se o animal adoecesse ou morresse, significava que o ar do local estava se tornado tóxico. Era hora de partir.

— Dizem que os canários são como os judeus na humanidade. Quando o ódio contra os judeus começa a se elevar, é um alerta para toda a sociedade. O que começa com os judeus não termina com os judeus — afirmou.
Lottenberg, por sua vez, criticou que a banalização de termos ou a inversão do uso de palavras como genocídio.
— A inversão do que representa o verdadeiro genocídio foi utilizada para um Estado que se defende — disse, referindo-se a Israel, que foi denunciado pela África do Sul (com apoio do Brasil) à Corte de Haia pelas ações na Faixa de Gaza. — Queremos o Brasil alinhado com aqueles que prezam pela tolerância, pela democracia, por aqueles que acreditam que esse é um país integrado ao contexto da diversidade — defendeu.
Leite disse observar sinais de reforçada intolerância na sociedade.
— Não precisamos pensar da mesma forma sobre todos os assuntos. Temos nossas crenças religiosas, raças, cidades, culturas, orientação sexual diferentes. Precisamos pensar no RS, no Brasil e na humanidade — afirmou.
A definição da IHRA estabelece antissemitismo como ódio aos judeus.
Recente levantamento da Conib revelou aumento de 600% nas denúncias desde outubro de 2023, após o início do conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas.