Em um momento delicado para o governo, marcado por aumento na inflação e queda de popularidade, o presidente Lula concedeu uma longa entrevista à imprensa, nesta quinta-feira (30). Mais do que uma estratégia para melhorar a comunicação do governo, a fala foi uma tentativa do presidente de mostrar que tem tudo sob controle. Lula mandou recados a partidos que compõem o governo, respondeu a ataques da oposição, prometeu compromisso fiscal e disse que a entrega de obras e programas públicos vai deslanchar neste ano.
A entrevista é uma das primeiras iniciativas visíveis do novo ministro da Secretaria de Comunicação, Sidônio Palmeira, que foi chamado há duas semanas com a missão de dar visibilidade ao governo, combater fake News e tentar demonstrar que o país está melhor agora do que antes de Lula assumir a presidência.
Nos últimos dias, as pesquisas de opinião que mostram queda na aprovação do governo acenderam um alerta no entorno de Lula. Publicamente, ele minimizou o impacto desses levantamentos. Logo depois, no entanto, disse que é natural que, na metade do mandato, eleitores esperem mais.
— Este é o ano mais importante do governo. É o ano da grande colheita — afirmou o presidente, logo na abertura da fala, prevendo que obras e programas públicos irão deslanchar.
Além de rebater o clima de pessimismo sobre o futuro de sua gestão, que domina o noticiário nos últimos dias, Lula também quis mandar recados aos presidentes do PSD, Gilberto Kassab, e do Republicanos, Marcos Pereira, dois caciques do centrão que deram sinais recentes de afastamento do governo.
— É importante lembrar que não tive apoio de muitos partidos desses nas eleições de 2022 — disse Lula, depois de relatar que riu ao ler a previsão de Kassab de que ele não seria reeleito se as eleições fossem hoje.
Sem antecipar nomes, Lula também admitiu na entrevista que fará mudanças na Esplanada, elogiou a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, cotada para a Secretaria-Geral da Presidência, e disse que espera ter o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), como seu candidato a governador em Minas Gerais – dando um sinal de que ele deve mesmo ser confirmado como ministro.
A reforma ministerial também pode ampliar o espaço ocupado atualmente por outros dois partidos do centrão: Republicanos e PP. Até mesmo o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), é cotado para um ministério.
No momento em que a capacidade de Lula para concorrer em 2026 é questionada no meio político, o presidente voltou a dizer que, embora com 79 anos, sente-se com saúde e disposição de um jovem de 30 anos. Garantiu estar 100% recuperado da cirurgia que fez na cabeça, disposto a trabalhar e rodar o país.