Depois de o presidente Lula cobrar providências sobre a alta no preço dos alimentos, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou nesta quarta-feira (22) que o governo vai discutir "intervenções" que possam reduzir o valor dos produtos para o consumidor final. O ministro não antecipou o teor das medidas, ignorou o peso da escalada do dólar e da Selic no cenário e culpou principalmente as condições do tempo pela variação dos preços.
As medidas serão discutidas nos próximos dias em reuniões com os ministérios da Fazenda, da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário. No ano passado, o presidente Lula já havia se reunido com representantes de supermercados para entender a variação dos preços e buscar soluções.
A inflação oficial fechou 2024 em 4,83%, acima do limite máximo da meta estipulada pelo governo. O grupo alimentos e bebidas foi o que mais pressionou o bolso dos brasileiros, com alta de 7,62%. O excesso de chuva em algumas regiões e a estiagem em outras justificam em boa parte o resultado, na opinião do ministro.
— A exportação e o consumo também pressionam o preço dos alimentos. O comerciante vai testando para ver se a sociedade consegue pagar esse aumento. Isso nós vamos monitorar e acompanhar daqui para frente. Não adianta o salário subir se os preços sobem na mesma proporção — acrescentou, em entrevista à Empresa Brasileira de Comunicação (EBC).
A expectativa do governo, segundo ele, é de que a safra seja muito melhor agora. Costa reforçou na entrevista que o governo tem compromisso com o equilíbrio fiscal, pois do contrário, quem paga as contas mais caras são os mais pobres. Não admitiu, contudo, que o cenário de instabilidade provocado pela falta de clareza sobre o ajuste das contas públicas é fator determinante para a alta de juros, a disparada do dólar e, por consequência, o preço dos alimentos.