Dara Khosrowshahi, CEO da Uber, afirmou que os veículos autônomos passarão a dominar o transporte por aplicativos no futuro. Em entrevista recente, o executivo falou sobre o tema, mas não deu uma previsão exata de quando isso deve acontecer.
— A substituição dos humanos, embora não vá acontecer amanhã, ocorrerá eventualmente, e é algo que temos que pensar sobre como sociedade — declarou ele ao Wall Street Journal.
Ele destacou que a tecnologia de carros autônomos ainda é limitada e cara, o que dificulta que esse recurso avance e se popularize em muitas localidades. Em função disso, Khosrowshahi afirma que essa substituição dos humanos não deve acontecer "em um momento próximo".
— A tecnologia ainda é limitada a localidades de origem e destino bastante restritas, existem áreas de operação. Os custos de mapeamento são caros e ainda faltam plataformas de hardware — destacou.
A Uber já trabalha com veículos autônomos. Desde 2023, usuários do aplicativo podem solicitar corridas sem motorista em alguns locais dos Estados Unidos, segundo a CNBC. O serviço é uma parceria da Uber com a empresa Waymo, especialista em carros autônomos.
Um relatório da Creative Fabrica mostrou que a direção de carros por aplicativos foi uma das profissões mais buscadas no Google em 2024, segundo a Exame. Conforme o documento, os Estados Unidos abrigam sete milhões de pessoas que atuam como motoristas ou entregadores em plataformas como a Uber.
No Brasil, 5 milhões de pessoas já geraram renda com a plataforma Uber em algum momento, segundo dados divulgados pela empresa em 2024.
Motoristas de aplicativo serão substituídos por IA?
O executivo explicou que, na sua visão, a profissão ainda se manterá relevante na próxima década, trabalhando em redes híbridas de trabalho humano e a Inteligência artificial. Depois disso, ele acredita que a Inteligência Artificial assumirá um papel de maior importância nesse mercado.
— Daqui a 15 ou 20 anos, o veículo autônomo vai dirigir melhor do que qualquer motorista humano — prevê Khosrowshahi. Ele afirma que as máquinas serão treinadas a dirigir com a experiência que nenhum motorista humano conseguiria adquirir durante a vida. — Elas não vão se distrair.
No site da Uber, a empresa projeta um futuro em que motoristas e veículos autônomos possam trabalhar de forma conjunta. "Nossa visão é de um futuro compartilhado, elétrico e multimodal, com veículos autônomos operando junto aos motoristas, cada um trazendo capacidades únicas para o serviço".
Papel das big techs nos EUA de Trump
A Uber e Dara Khosrowshahi doaram US$ 1 milhão cada ao fundo inaugural de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, segundo a Reuters. Durante a entrevista ao Wall Street Journal, o executivo é perguntado sobre o objetivo desse apoio.
— O que queremos fazer é colaborar com qualquer governo do qual fazemos parte. Queremos ter uma voz, em termos de como levamos as coisas adiante. Estamos bem otimistas com o cenário, no geral, mas certamente no cenário nos Estados Unidos, que parece se inclinar a ser mais pró-negócio — respondeu Khosrowshahi.
Na posse de Trump, em 20 de janeiro, representantes das maiores empresas de tecnologia do mundo ocuparam lugares de destaque no evento. A presença desses líderes reforça uma aproximação do presidente americano com o setor, cenário estruturado ainda durante a campanha.
— Eu acho que (o setor de) tecnologia, no geral, já teve uma visão de si mesmo em que, "Oh, não devemos ter uma voz em governos e políticas públicas". E se você pensar no impacto que a tecnologia tem no cotidiano, acho que é adequado ter uma voz agora — disse o CEO. — Eu acho que colaboração (com governos) é saudável. No fim, cabe aos governos decidir onde vão, mas acho que ouvir as vozes da tecnologia, e então os governos tomarem as decisões que pensam ser as melhores para o futuro, isso é muito saudável. Não acho que a tecnologia deveria se desculpar por isso.