Equipes de resgate já conseguiram retirar ao menos 28 corpos do Rio Potomac após o acidente entre um avião comercial e um helicóptero militar em Washington, capital dos Estados Unidos. O presidente Donald Trump confirmou, em pronunciamento, que não há sobreviventes da tragédia. Ao todo, 64 pessoas estavam a bordo do jato, enquanto três pessoas estavam no helicóptero do Exército.
Até o final da tarde desta quinta-feira (30), não havia confirmação dos motivos da colisão, que aconteceu às 21h de quarta (29), no horário local (23h em Brasília). Com o céu aberto no momento do acidente, problemas de visibilidade são considerados pouco prováveis. Uma das hipóteses levantadas é que tenha ocorrido algum problema na altitude de voo tanto do avião quanto do helicóptero. O FBI, por ora, descarta ação criminosa ou terrorista.
Nesta reportagem, Zero Hora elenca seis tópicos sobre o acidente aéreo, considerado o mais grave dos Estados Unidos nos últimos 23 anos. Em 12 de novembro de 2001, dois meses depois dos ataques de 11 de Setembro, 260 pessoas morreram na queda de um avião em Nova York. Desde então, nenhum desastre no ar deixou tantas vítimas no país.
O que se sabe até agora
1. O acidente
Por volta de 21h de quarta (horário local), um avião comercial da America Airlines colidiu com um helicóptero do Exército sobre o Rio Potomac. O curso d'água divide as cidades de Washington e Arlington, no Estado da Virgínia, onde fica o Aeroporto Nacional Ronald Reagan.
O avião Bombardier CRJ700 fazia uma viagem de 1,8 mil quilômetros entre Wichita, no Estado do Kansas, e a capital americana. Já o helicóptero Sikorsky UH-60 Black Hawk havia decolado de Fort Belvoir, na Virgínia.
A colisão ocorreu no ar e ambas as aeronaves caíram no Rio Potomac.
— Eu só vi uma bola de fogo e depois desapareceu. Não vi mais nada desde que eles atingiram o rio — relatou um dos controladores de voo logo após o acidente.
Áudios obtidos pelo LiveATC.net, site especializado em gravações de voo, e divulgados pela Agência Reuters, indicam que o helicóptero foi alertado pela torre de controle do aeroporto sobre a presença da outra aeronave minutos antes da colisão. Os momentos subsequentes são de conversas entre os controladores de voo.
— Bateu, bateu, bateu! Isso é um alerta três — expressou um dos agentes.
2. Quem são as vítimas
Das 67 vítimas – 64 do avião e três do helicóptero —, as primeiras identificadas foram os russos Evgenia Shishkova, 52 anos, e Vadim Naumov, 55. O casal de patinadores, campeões mundiais em 1994, participou do Campeonato Nacional de Patinação no Gelo, no Kansas. Eles eram treinadores e estavam com jovens competidores e familiares dos atletas no avião. Pelo menos 14 pessoas faziam parte do grupo de esportistas.
À Associated Press, familiares de uma das vítimas, Christine Lane, disseram que ela e o filho Spencer eram dedicados à patinação. O marido revelou que o casal havia adotado o filho mais velho e um irmão mais novo na Coreia do Sul e que o garoto de 16 anos, morto na tragédia, era uma "força da natureza".
Os militares que estavam no helicóptero ainda não tiveram as identidades divulgadas.
3. O resgate dos corpos
Ao menos 28 corpos já foram retirados das águas do Rio Potomac. O frio dificulta as operações em busca das outras vítimas.
Os corpos dos três militares que estavam no helicóptero já foram levados para uma unidade funerária da Força Aérea no Estado de Delaware, nas proximidades do Distrito de Colúmbia, onde fica Washington.
4. As investigações
As autoridades americanas ainda não puderam determinar o que causou a colisão no ar. Fontes afirmam que as condições de voo eram boas, em uma noite de céu aberto. A Administração Federal de Aviação e o Conselho Nacional de Segurança nos Transportes, agência norte-americana responsável por investigar acidentes aéreos no país, apuram o caso.
O secretário de Defesa americano, Pete Hegsete, previu uma investigação rápida, a fim de descobrir se o helicóptero estava no corredor e na altitude corretos. Segundo a autoridade, a tripulação estava em um voo anual de treinamento com "óculos de visão noturna" e era "bastante experiente".
Análises preliminares indicam que o helicóptero estaria abaixo da altitude máxima prevista, enquanto o jato comercial estaria muito alto.
De acordo com a rede de TV NBC, um alto funcionário do FBI disse que não há indícios de ação criminosa ou ato terrorista.
O Pentágono ordenou uma pausa de 48 horas nos voos do batalhão do qual fazia parte o helicóptero envolvido no acidente. A unidade, localizada no Estado da Virgínia, é responsável pelos na área de Washington.
Um relatório preliminar deve ficar pronto em até 30 dias. A estimativa foi divulgada nesta por Todd Inman, membro do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes. Em coletiva de imprensa, ele afirmou que o objetivo é entender os fatos que antecederam a colisão, assim como o momento do impacto. Segundo ele, foi recebido um grande volume de dados.
— Queremos entender não só o que aconteceu, mas por que aconteceu, e recomendar mudanças para que não aconteça novamente — disse.
Também serão designados grupos para analisar esses mesmos aspectos relativos ao helicóptero. A chefe da agência, Jennifer Homendy, disse que a investigação será realizada até que haja respostas.
— Nós vamos seguir até que não haja nenhuma pedra — afirmou.
5. A reação de Trump
Logo após o acidente, o presidente Donald Trump se manifestou nas redes sociais, classificando o acidente como "terrível" e agradecendo aos socorristas. No entanto, o republicano criticou a tripulação e os controladores de voo.
"Por que o helicóptero não subiu ou desceu, ou virou? Por que a torre de controle não disse ao helicóptero o que fazer em vez de perguntar se eles viram o avião? Esta é uma situação ruim que parece que deveria ter sido evitada. NÃO É BOM!!!", escreveu Trump nas redes sociais.
No início da tarde, no horário de Brasília, Trump se pronunciou na Casa Branca. Depois de pedir um minuto de silêncio em homenagem às vítimas, o presidente culpou as políticas de diversidade dos democratas Barack Obama e Joe Biden, afirmando que elas pioraram a aviação. Trump ainda afirmou que vai reformar o setor.
— Coloquei a segurança em primeiro lugar. Obama, Biden e os democratas colocaram a política em primeiro lugar.
Políticos democratas condenaram as falas de Trump. O líder do partido opositor no Senado, Chuck Schumer, disse que a declaração do presidente era de "revirar o estômago".
— Uma coisa é os especialistas da internet vomitarem teorias da conspiração, outra é o presidente dos Estados Unidos — disse o senador.
6. A repercussão
O papa Francisco enviou um telegrama para Trump, apresentando "profundas condolências às famílias que estão de luto".
O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, lamentou a morte dos atletas olímpicos de patinação no gelo que estavam no avião. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, também lamentou a morte dos patinadores russos.
— Infelizmente, vemos que os tristes relatos foram confirmados. Nossos compatriotas estavam no avião — declarou.