A representação do Ministério Público que atua no Tribunal de Contas da União (TCU) solicitou que o órgão responsável pela fiscalização dos gastos públicos suspenda de forma imediata a oferta de empréstimo consignado para beneficiários do Auxílio Brasil.
Conforme informações da própria Caixa, já foram contratados financiamentos de R$ 1,8 bilhão só na instituição financeira federal em apenas três dias. Na avaliação do subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado, do MP, existem riscos para o banco e também para a "lisura do processo eleitoral".
No pedido dirigido ao TCU, o MP afirma que "não é desarrazoado supor que o verdadeiro propósito dessas ações, ou pelo menos da forma como elas vêm sendo conduzidas, seja o de beneficiar eleitoralmente o atual Presidente da República e candidato à reeleição". Na véspera, ao falar sobre a modalidade, a presidente da Caixa, Daniella Marques, negou que as medidas tenham caráter eleitoral. Sustentou que tem autonomia para conduzir o banco e suas ações.
Ocorre que a grande maioria dos bancos decidiu não oferecer empréstimo consignado com base no Auxílio Brasil. Dos grandes privados - Bradesco, Itaú e Santander -, nenhum se apresentou. Até agora, nem sequer o Banco do Brasil, outro banco federal, informou se vai operar essa linha. Ao justificar porque não teria essa modalidade, o presidente do Banrisul, Claudio Coutinho, afirmou que "não dá para onerar com juro o pagamento de um auxílio para que as pessoas possam se alimentar".