O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recebeu nesta terça-feira (4), na Casa Branca, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e afirmou que os EUA podem assumir um "controle a longo prazo" da Faixa de Gaza. Mais cedo, durante o encontro com o israelense, Trump também disse que os palestinos "adorariam" deixar Gaza e ir viver em outro lugar se lhes fosse dada essa opção.
— Vejo que isso vai trazer grande estabilidade para essa parte do Oriente Médio, e talvez para todo o Oriente Médio — disse Trump, em coletiva de imprensa.
O líder republicano causou polêmica recentemente ao propor "limpar" a Faixa de Gaza e transferir seus habitantes para locais "mais seguros", como Egito e Jordânia, que se opuseram à proposta.
— Quando o presidente fala em limpar, ele quer dizer torná-la habitável — explicou hoje o enviado especial de Trump ao Oriente Médio, Steve Witkoff.
Netanyahu é o primeiro governante estrangeiro convidado à Casa Branca desde o retorno de Trump ao poder, em 20 de janeiro, um símbolo da relação estreita entre o líder israelense e o magnata republicano.
Antes da reunião, o gabinete de Netanyahu anunciou que enviará "no final da semana" uma delegação ao Catar para discutir as próximas fases do cessar-fogo em vigor em Gaza desde 19 de janeiro.
O Hamas anunciou, nesta terça, o início das negociações com Israel sobre a segunda fase da trégua em Gaza, um diálogo celebrado graças aos mediadores.
Na segunda-feira, duas fontes do Hamas afirmaram à AFP que o movimento estava "pronto" para retomar as conversações e que aguardava a convocação dos mediadores (Catar, Egito e Estados Unidos).
O acordo de trégua permitiu a interrupção de mais de 15 meses de uma guerra devastadora entre Israel e o movimento islamista Hamas e a libertação de vários reféns israelenses em troca da libertação de centenas de prisioneiros palestinos.
O pacto contempla três fases. A primeira, de seis semanas, também deve servir para negociar os detalhes da segunda, que deve incluir a libertação dos demais reféns ainda vivos e o fim definitivo da guerra.
O conflito começou em 7 de outubro de 2023 com o ataque surpresa do Hamas contra o sul de Israel, que provocou as mortes de 1.210 pessoas, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais.
"Redesenhar" o mapa
Antes de viajar, Netanyahu afirmou que "trabalhando estreitamente" com Trump seria possível "redesenhar ainda mais" o mapa do Oriente Médio.
Trump também questionou a continuidade do acordo de trégua na Faixa de Gaza, apesar de, no momento do anúncio, poucos dias antes de sua posse, ter reivindicado um papel fundamental na concretização do cessar-fogo.
O presidente republicano receberá em 11 de fevereiro o rei Abdullah II da Jordânia e conversou no sábado (1º) com seu homólogo egípcio, Abdel Fatah al Sisi.
A Jordânia já abriga quase 2,3 milhões de refugiados palestinos e o Egito tem uma fronteira com a Faixa de Gaza crucial para a entrada da ajuda humanitária que o território tanto precisa.
Em uma mudança expressiva em relação ao seu antecessor, Joe Biden, Trump desbloqueou a entrega a Israel de bombas de 900 quilos que havia sido suspensa pelo democrata. Também anulou as sanções financeiras que o ex-presidente havia determinado contra colonos israelenses acusados de violência contra palestinos na Cisjordânia.