O discutido projeto de doação de R$ 490 milhões de recursos do Estado para obras federais ganhou novo capítulo na quarta-feira (25). E, mais uma vez, teve polêmica.
A Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) convocou os representantes das 27 associações regionais a participarem de votação. O objetivo era tirar uma posição conjunta para encaminhá-la ao governo gaúcho.
E os líderes regionais se posicionaram. Após ouvir integrantes dos governos gaúcho e federal- que obviamente só trouxeram posições favoráveis ao projeto - ao final do encontro, a maior parte dos 21 prefeitos presentes decidiu por não aprovar essa ideia - 11 contra sete, além de três abstenções. Porém, o que era para ser uma simples votação, se tornou em um processo mais complexo.
Após dúvidas por parte de alguns representantes, a federação que representa os municípios decidiu ampliar o prazo de votação para esta quinta-feira (26), a fim de chamar para participar as demais seis regiões que não se manifestaram e para oportunizar uma mudança de posição de quem já se manifestou.
Caso a posição dos prefeitos seja mantida, e se o projeto for derrubado na Assembleia Legislativa, o que acontecerá com este dinheiro? A pergunta foi feita pelo repórter Gabriel Jacobsen ao diretor-presidente do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer). E a resposta é clara e objetiva. O recurso não será perdido.
- Se os deputados entenderem que não é viável, o Estado vai buscar outras formas de utilização desse recurso, mas não em obras rodoviárias (em 2022) porque não há tempo hábil para fazer projeto, licitação e utilização desse recurso - explica Faustino.
E projetos para 2023 existem. O governo gaúcho pode apoiar as prefeituras de Portão e Capela de Santana na pavimentação da Transaçoriana. Após concluída, a estrada será alternativa de deslocamento entre a Região Metropolitana e a subida da Serra sem precisar passar pela BR-116.
Também pode investir no tão aguardado viaduto da Estrada do Mar com a RS-407. Atualmente, o Daer tenta ajuda da prefeitura de Xangri-lá para conseguir realizar a obra.
Outra alternativa é investir em melhorias futuras, como o caso da pavimentação dos acessos asfálticos que ainda não têm obras porque faltam projetos. Também pode investir em alguma construção da RS-122, que poderá baratear o preço dos pedágios na futura concessão. É isso que o governo está fazendo, por exemplo, na RS-118.
Enfim, os prefeitos - que tanto já ouviram o governo do Estado dizer que as obras não ocorreriam por falta de dinheiro no Rio Grande do Sul - podem também ajudar o Palácio Piratini a pensar o futuro da infraestrutura gaúcha e não só ficar correndo sempre atrás do prejuízo.