"Há duas formas para viver a sua vida. Uma é acreditar que não existe milagre. A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre." (Albert Einstein)
Quanto mais desenvolvido um país, mais evidente é o papel da universidade no seu desenvolvimento, e por consequência, maior é o zelo com que ela é tratada pela coletividade. E esse trato respeitoso brota espontaneamente na sociedade, como retribuição pela grandeza do seu significado.
A convivência com uma universidade atuante e diferenciada desperta uma sensação de orgulho que impõe uma atitude de constante solenidade, esse sentimento com o qual protegemos a imagem das coisas definitivas. As universidades, como centros de pesquisa, geram conhecimento inovador, essencial para o avanço tecnológico e científico, com estímulo à formação profissional, e conduzem ao desenvolvimento de novas indústrias e a melhoria das já existentes.
Por isso, a sua atuação não tem limites físicos, porque o seu produto final, o conhecimento, é um bem universal, impossível de ser contido depois que desencadeou no espírito do pesquisador o encanto e deslumbramento pelo novo.
O papel de uma universidade que se preze jamais ficará restrita ao limite dos seus muros, porque ela sempre despertará por sua produção qualificada o interesse do setor privado, facilitando a transferência de tecnologia e conhecimento e beneficiando a todos através da promoção do desenvolvimento econômico.
Esta função de dínamo impulsionador do crescimento socioeconômico, encontrada nas melhores universidades do mundo, é ou devia ser a meta de qualquer sociedade que pretenda ser reconhecida pela capacidade estimulante dos seus membros de pensar por conta e risco e sentir-se desafiada a gerar conhecimento com seus próprios neurônios.
Mas voltando ao que era o objetivo desta crônica, como saber o quanto valorizamos a universidade que por escolha ou fatalidade coube-nos chamar de nossa?
Uma geração de estudantes não percebe a diferença entre espontaneidade e falta de compostura.
Visitem-se universidades mais antigas, como as de Bologna, Oxford, Cambridge, Salamanca, Padova, Paris, Coimbra ou Praga, ou famosas como Columbia, Yale ou Harvard e, independentemente de nacionalidade, etnia ou vinculação religiosa, o que elas inspiram é uma aura de respeito, quase veneração, que elimina o burburinho tradicional da visitação turística de outros lugares públicos e que impõe uma postura mais solene e mais reverente.
A espontaneidade do respeito que emana desses templos sagrados do conhecimento tem raízes históricas e exige uma solenidade que contrasta com a atitude dos nossos estudantes "descontraídos" que confundem o desprezo pelas regras elementares de civilidade com liberdade, e fantasiam que serão respeitados agindo como rebeldes sem causa.
É difícil conservar o otimismo pelo futuro de uma geração que não percebe a diferença entre espontaneidade e falta de compostura, e no máximo do mau gosto ainda considera a pichação como expressão artística.
Quem cuida da imagem da sua universidade está anunciando ao mundo com que solenidade e empenho planeja o futuro para si e seus descendentes. E quem não trata com seriedade o que é sério, que ao menos não seja ingênuo de pretender ser levado a sério.