
Os astronautas Butch Wilmore e Suni Williams, da Nasa (Agência Espacial Norte-Americana), retornaram à Terra na tarde desta terça-feira (18), após nove meses na Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês). Apesar do longo período de serviço no espaço, os astronautas não terão direito ao pagamento de horas extras.
A missão, que originalmente deveria durar apenas oito dias, foi prolongada devido a problemas técnicos na cápsula Starliner, da Boeing, responsável pelo transporte da tripulação.
— Quando os astronautas da Nasa estão a bordo da Estação Espacial Internacional, eles recebem salários regulares de uma semana de trabalho de 40 horas. Eles não recebem pagamento por horas extras, feriados ou finais de semana — afirmou a agência em nota.
Astronautas recebem diárias
Além do salário, Wilmore e Williams tiveram direito a uma diária por cada dia na ISS. A Nasa explicou que, durante a missão, os astronautas são considerados funcionários federais em viagem oficial, com transporte, hospedagem e alimentação custeados pela agência.
No entanto, a instituição não divulgou o valor exato pago pelas diárias, que seguem regulamentos federais dos Estados Unidos.
Segundo a CBS, os dois astronautas possuem o nível salarial mais alto entre os servidores federais. Assim, eles recebem entre US$ 125 mil (R$ 707,2 mil) e US$ 162,6 mil (R$ 919,9 mil) anualmente. As informações são do US General Pay Schedule, tabela de pagamentos do governo norte-americano.
Nasa nega que astronautas tenham ficado "presos"
Desde os primeiros meses de atraso no retorno, a Nasa negou que os astronautas estivessem "presos" no espaço. Segundo a agência, a tripulação sempre teve autorização para regressar à Terra em caso de emergência com a cápsula Starliner.
— Quero deixar muito claro que Barry e Sunita não estão abandonados no espaço — afirmou Steve Stich, gerente do programa de tripulação comercial da Nasa, em entrevista coletiva em julho.
Ele destacou ainda, na ocasião, que a decisão de manter os astronautas na ISS foi tomada para garantir um retorno seguro "no momento certo".
Relembre o caso

Butch Wilmore e Suni Williams viajaram para a ISS no primeiro voo tripulado da cápsula Starliner, da Boeing, em junho de 2024. A ideia era trazê-los de volta à Terra oito dias depois, mas problemas detectados no sistema de propulsão levaram a Nasa a questionar a sua confiabilidade. A principal preocupação era de que a Starliner não conseguisse alcançar o impulso necessário para sair da órbita e iniciar a descida à Terra.
A Nasa decidiu trazer de volta a cápsula vazia e reposicionar os astronautas para uma missão com a SpaceX que já estava planejada, a Crew-9. Esta missão começou em 28 de setembro, quando o astronauta Nick Hague e o cosmonauta russo Aleksandr Gorbunov foram para a ISS. Apenas os dois partiram, para deixar dois assentos vazios para o retorno de Wilmore e Suni.
Quem são os astronautas
Butch e Suni, como são chamados carinhosamente, têm anos de experiência em expedições à ISS. Antes da missão atual, Butch já havia passado um total de 178 dias no espaço, enquanto Suni acumulava 322 dias, segundo a Nasa.
A astronauta foi selecionada pela agência em 1998, enquanto Wilmore conseguiu o seu aceite em 2000, após receber três negativas para fazer parte da equipe da agência
Barry "Butch" Wilmore
Nascido no Estado do Tennessee, Butch Wilmore, 62 anos, se formou e fez mestrado em Engenharia Elétrica pela Universidade Tecnológica do Tennessee. Posteriormente, fez outro mestrado, em sistemas de aviação pela Universidade do Tennessee.
Além de astronauta da Nasa, Wilmore serve à Marinha, onde atualmente é capitão. Em sua trajetória, ele acumulou 8 mil horas de voo em aviões a jato tático, completou quatro missões operacionais e também se formou na Escola de Pilotos de Teste Naval dos EUA.
Os seus 178 dias no espaço foram acumulados em suas duas missões anteriores, realizadas em 2009 e 2014, sendo que na segunda esteve à frente do comando da ISS.
Sunita "Suni" Williams
Suni Williams nasceu em Ohio, em setembro de 1965, e é bacharel em Ciências Físicas pela Academia Naval dos Estados Unidos. Se formou mestre em Gestão de Engenharia pelo Instituto de Tecnologia da Flórida. Assim como Butch, a astronauta serviu à Marinha, onde acumulou mais de 3 mil horas de voo em mais de 30 aeronaves diferentes.
Aos 59 anos, Suni tem uma experiência ainda mais extensa no espaço do que o colega, com 322 dias em órbita, divididos entre suas missões de 2006 e 2012. Em 30 de janeiro deste ano, tornou-se a astronauta mulher com o maior tempo acumulado em caminhadas espaciais, somando 62 horas e 2 minutos, ultrapassando o recorde anterior de Peggy Whitson.
Quem ficou mais tempo no espaço
Apesar de a estadia no espaço de Butch Wilmore e Suni Williams ter sido longa, ela não foi a mais longa.
O recorde é do astronauta americano Frank Rubio, que passou 371 dias a bordo da ISS entre 2022 e 2023, muito mais do que os seis meses inicialmente previstos, devido a uma falha detectada na nave russa que deveria transportá-lo de volta.
Já o recorde mundial de permanência no espaço pertence ao cosmonauta russo Valeri Poliakov, que retornou à Terra em 1995, depois de passar 437 dias a bordo da estação espacial Mir, da antiga União Soviética.