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Um novo asteroide, descoberto no ano passado, pode colidir com o planeta Terra em 22 de dezembro de 2032, alerta a Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês). Em janeiro, a probabilidade de impacto era de 1,2%. Depois, subiu para 2,4% e, na última rodada de observações, nesta quinta-feira (11), chegou a 2,1%. No Brasil, projeção do corredor de risco abrange estados do Norte.
O astrônomo fundador do Observatório Astronômico Rei do Universo (Oaru), em Manaus, Geovandro Nobre, acompanha diariamente o avanço. Ele explica que, atualmente, apenas grandes telescópicos conseguem observar o asteroide, nomeado de 2024 YR4, por causa da distância e da luminosidade. Quanto mais informações sobre a trajetória, tamanho e composição do corpo celeste, maior será a precisão sobre o risco e o impacto de uma eventual colisão.
O cálculo da probabilidade de impacto de um asteroide como o 2024 YR4 envolve simulações numéricas baseadas em medições astrométricas — observações precisas da posição e do movimento de objetos celestes.
— Quando um asteroide é descoberto, suas primeiras posições no céu são registradas, o que chamamos de astrometria. Com esses dados, calcula-se uma órbita preliminar (estimativa inicial da trajetória do corpo celeste), mas com grandes incertezas devido ao curto arco de observação. Usa-se métodos estatísticos para testar milhares de trajetórias. Se algumas dessas passam pela Terra em determinada data, calcula-se a fração delas que resultaria em colisão — explica Nobre.
No caso do 2024 YR4, essa fração resultou em 2,1% para 22 de dezembro de 2032.
O especialista acrescenta que, como há poucas informações, os cálculos indicam uma ampla área onde o asteroide pode passar no futuro, chamada de zona de probabilidade. À medida que mais observações são feitas, esse espaço diminui. Se a Terra estiver dentro da zona reduzida, a chance de impacto pode parecer maior. No entanto, conforme os dados ficam mais precisos, a zona pode ficar tão pequena que a Terra acaba não sendo incluída.
— Normalmente, isso acontece com a maioria dos asteroides que, inicialmente, tem alguma chance de impacto. Aconteceu com o Apophis, que chegou a 2,7% de probabilidade, mas depois, com muitas observações, a chance de impacto caiu para zero — relembra.
Corredor de risco
A zona de probabilidade de impacto é um plano imaginário no espaço. Ao projetar o perfil desse plano sobre a Terra, é possível definir o corredor de risco. Ou seja, os locais que esse asteroide pode atingir, caso haja uma colisão com o planeta em 2032. Segundo as projeções, o corpo celeste pode impactar países da América Latina, África e Ásia.
— No Brasil, tem uma probabilidade de impacto no norte de Roraima ou no norte do Amapá. Como ainda não temos certeza do tamanho e da densidade, os impactos ainda não são totalmente conhecidos. O tamanho estimado do asteroide está entre 40 e 90 metros. Mesmo para menor, os danos seriam catastróficos se caísse sobre uma grande cidade — acrescenta Nobre.
Ele afirma que, caso o asteroide tenha 40 metros, isso causaria uma explosão de cerca de seis megatons. Já com 90 metros, a explosão seria de cerca de 34 megatons. Isso é equivalente a bombas de hidrogênio. Se caísse sobre uma cidade, poderia demolir casas e causar a morte ou o ferimento de pessoas. E, sobre uma floresta, destruiria grandes áreas verdes.
Apesar disso, Nobre garante que não há motivo para preocupações. O especialista pontua que a probabilidade de impacto é pequena, considerando que há 97,9% de chance de não atingir a Terra. E, se cair no planeta, a maior parte do corredor de risco está sobre o mar, longe de regiões densamente habitadas.
— Ainda temos muito tempo para estudar melhor a trajetória, o tamanho e a composição do asteroide. Isso nos trará as melhores estratégias para minimizar os riscos para a população que vive no corredor de risco. Todos os esforços estão sendo colocados, envolvendo grandes telescópios para estudar esse asteroide — assegura.