
O Apple TV+ anunciou nesta sexta-feira (14) o retorno de um de seus grandes sucessos: a série Ted Lasso foi renovada para uma quarta temporada. A produção, que conquistou o público, a crítica e 13 prêmios no Emmy, trará de volta o elenco e a equipe responsáveis pelo seriado, incluindo Jason Sudeikis no papel principal, o treinador de futebol Ted Lasso. A previsão de estreia não foi informada (os roteiros ainda estão sendo escritos).
— Como todos nós continuamos a viver em um mundo onde muitos fatores nos condicionam a "olhar antes de pular", na quarta temporada o time do AFC Richmond aprende a pular antes de olhar, descobrindo que, onde quer que cheguem, é exatamente onde deveriam estar — afirmou Sudeikis, astro e produtor executivo.
— Ted Lasso tem sido um sucesso absoluto, inspirando uma legião de admiradores apaixonados em todo o mundo e proporcionando alegria e risadas sem fim, tudo isso enquanto espalha bondade, compaixão e crença inabalável — disse Matt Cherniss, chefe de programação do Apple TV+.

Vencedora de sete Emmys na sua primeira temporada, incluindo melhor seriado de comédia, ator (Jason Sudeikis), ator coadjuvante (Brett Goldstein, como o carrancudo volante Roy Kent) e atriz coadjuvante (Hannah Waddingham, no papel da dona do clube de futebol), Ted Lasso foi a série certa na hora certa.
Lançada em agosto de 2020, durante a pandemia de covid-19, foi, nas palavras do crítico estadunidense David Sims, da revista The Atlantic, "o abraço gentil que o público precisava em meio ao confinamento pandêmico, uma história sobre um homem bom infectando o mundo cínico ao seu redor com sua gentileza".

Criada por Jason Sudeikis, Bill Lawrence (o autor de Scrubs e Cougar Town), Joe Kelly e Brendan Hunt a partir de comerciais de TV da NBC, nasceu como uma típica comédia, com pendor para o besteirol. Na primeira temporada, os episódios tinham a duração comum ao gênero, girando entre 29 e 33 minutos enquanto narravam as desventuras de um treinador que tem de, literalmente, trocar as mãos pelos pés: Ted Lasso é um técnico do futebol americano universitário que sai do Kansas para Londres, onde vai assumir o comando do Richmond, um fictício clube da bilionária Premier League.
Em meio às trapalhadas físicas e verbais, começaram a surgir as lições de liderança e gestão de equipe ("Pessoas vêm primeiro", "Valores são inegociáveis", "Respeite e confie", como enumerou o especialista em marketing estratégico e inteligência empresarial André Luiz Tonon em artigo publicado em GZH) e, também, as fissuras psicológicas do protagonista e dos coadjuvantes. Foram para o centro do gramado, por exemplo, temas de saúde mental, como ansiedade, ataques de pânico, negação e resistência à terapia.

A combinação dessas duas frentes — a de dar vez e voz aos colegas e aos liderados de Ted e a de realçar os contornos dramáticos dos personagens — refletiu-se no inchaço da série na segunda temporada, em 2021. A duração dos episódios aumentou bastante: os cinco últimos tiveram entre 42 e 49 minutos, um tempo não muito adequado para a manutenção do ritmo de comédia. Ainda assim, a segunda temporada valeu a Ted Lasso o Emmy de melhor série cômica e mais os troféus de melhor ator (Sudeikis), ator coadjuvante (Goldstein) e direção (MJ Delaney).
Na terceira temporada, em 2023, o excesso de personagens e de tempo cobrou seu preço. Pareceu mesmo uma "fanfic ruim do seriado original", como definiu o jornalista Caue Fonseca no antigo Twitter, hoje X: "episódios loooongos, piegas e piadas sem nenhuma graça ou timing".
Com capítulos que chegavam a durar 63 minutos, as cenas se arrastavam e se repetiam. Tudo era telegrafado, as jogadas eram manjadas, e a positividade da série tornou-se tóxica. Não à toa, só ganhou duas categorias menores no Emmy: melhor ator convidado (Sam Richardson, como Edwin Akufo, um bilionário de Gana) e melhor canção (A Beautiful Game, cantada por Ed Sheeran).
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