
A política monetária brasileira anda por uma estrada em um caminho traçado previamente dentro de um contexto imaginado a partir do que está acontecendo e o que ainda deve acontecer na economia nos meses seguintes. Seu destino é controlar a inflação. Para chegar até ele, porém, o caminho não está desenhado e pode mudar. Pode ter que fazer curvas à direita ou à esquerda com o juro, dependendo do que acontece. Pode ser um fenômeno climático que comprometa safra, pode ser o ímpeto do tarifaço de Donald Trump às importações americanas ou mesmo a agressividade fiscal das medidas do governo federal para recuperar popularidade de Lula.
É por isso que o comunicado do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) coloca e repete a palavra “incertezas”. Ainda assim, manteve o acordado de aumentar a taxa de juro Selic em um ponto percentual, para 14,25% ao ano.
O que esperar
A aposta por enquanto (lembre-se de que tudo pode mudar!) é de que o ritmo de alta seja reduzido e o ano feche mesmo em 15%. Dois fatores aliviam a mão do Banco Central: desaceleração da economia, o que já aparece na prévia do PIB, e a queda do dólar. Embora o câmbio seja sempre uma caixinha de surpresas e não dependa só do Brasil.
Falando nisso, outra ajuda no cenário veio dos Estados Unidos. Embora o comitê que decide o juro por lá tenha se dividido, espera-se reduções na taxa. As projeções do Federal Reserve (Fed) são de desaceleração de PIB e aumento de desemprego, o que é ruim economicamente falando, mas indica inflação menor. Obviamente, tem uma lupa no que ainda pode vir dos tarifaços, caso as importações mais caras venham a elevar os preços gerais da economia.
Os efeitos da política monetária também mostram estar aparecendo no Brasil. O bom humor da bolsa de valores e do câmbio sinaliza expectativa de que o apetite dos investidores pelo risco brasileiro traga seus dólares.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Diogo Duarte (diogo.duarte@zerohora.com.br)
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