
A taxa Selic atingiu o maior patamar desde outubro de 2016, há oito anos. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, por unanimidade, elevar o juro básico em um ponto percentual, para 14,25% ao ano.
Em ata, o colegiado sinalizou um aumento de "menor magnitude" na taxa na próxima reunião, em maio. Sobre a elevação atual, afirmou que implica na "suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego".
O Copom avalia que o "ambiente externo permanece desafiador" em função da conjuntura econômica dos Estados Unidos, "principalmente pela incerteza acerca de sua política comercial e de seus efeitos".
"Esse contexto tem gerado ainda mais dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed e acerca do ritmo de crescimento nos demais países", justificou.
Nesta quarta, o Banco Central dos EUA manteve a taxa de juros entre 4,25% e 4,50% ao ano.
Em avaliação do cenário interno, o Copom afirma que os indicadores da atividade econômica apresentam dinamismo, com sinais sugerindo "uma incipiente moderação do crescimento". Cita ainda a elevação "relevante" das expetativas para a inflação apuradas pelo boletim Focus, para 2025 e 2026, de 5,7% e 4,5%, respectivamente.
"O cenário mais recente é marcado por desancoragem adicional das expectativas de inflação, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho, o que exige uma política monetária mais contracionista", afirma o comitê.
Decisão esperada
A decisão já estava prevista desde a última reunião do colegiado, em janeiro. O encontro foi o primeiro conduzido pelo novo presidente da autarquia, Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Esta é a quinta elevação consecutiva da taxa. Após chegar a 10,5% ao ano de junho a agosto do ano passado, começou a ser elevada em setembro, com uma alta de 0,25 ponto, uma de 0,5 ponto em novembro, e duas de um ponto percentual, em dezembro e janeiro.
A perspectiva até o fim deste ano é de que a taxa fique em 15%, conforme economistas ouvidos pelo Focus, do BC, divulgado na segunda-feira (16). Outros, no entanto, projetam que alcance 16,25% ao ano.
O que é a taxa Selic
A taxa básica de juros, a Selic, é usada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas da economia, incluindo empréstimos e quase todos os tipos de investimentos.
Ela é o principal instrumento do Banco Central para manter a inflação sob controle.