
A morte de Théo Ricardo Ferreira Felber, de cinco anos, completa um mês nesta sexta-feira (25). Em 25 de março, a criança foi atirada de uma ponte em São Gabriel, na Fronteira Oeste.
O pai do menino, Tiago Ricardo Felber, 40 anos, confessou o crime, apresentou-se à polícia e foi preso. Na terça-feira (22), ele foi indiciado pelo fato.
O caso
Théo foi jogado da ponte sobre o Rio Vacacaí, localizada na Avenida Getúlio Vargas, no bairro Mato Grosso.
Câmeras de segurança registraram Tiago carregando Théo por cerca de três horas em uma bicicleta antes de o menino ser encontrado morto.
Segundo a Polícia Civil, próximo das 12h, o homem jogou o filho da ponte com a intenção de que ele morresse afogado. No entanto, por conta da estiagem, o nível do rio está baixo e a criança caiu nas pedras no leito.
Após o crime, o homem enviou áudios no WhatsApp afirmando que teria jogado a criança da ponte. Conforme a investigação, em depoimento, ele afirmou ter cometido o crime para se vingar da ex-companheira.
O acusado e a mãe do menino estavam separados havia poucos meses, e a guarda compartilhada não estava formalizada. O homem, que estava de aniversário no dia do crime, pegou o filho para comemorar a data.
Em depoimento, Tiago contou ter esganado o filho na noite anterior, mas a criança teria recuperado os sinais vitais.
Homenagem na escola
O crime abalou a Escola Ensino Fundamental (Emef) Imigrante, em Nova Hartz, no Vale do Sinos, onde Théo estudava desde o início do ano.
“Você foi um amigo”, “Vá morar com papai do céu ” e “Descanse em paz” foram algumas das mensagens escritas em cartazes na entrada da instituição na manhã seguinte ao crime.
Professores e alunos da escola fizeram uma homenagem e soltaram um balão branco com o nome do menino.
— Ele era quietinho, sempre no cantinho dele, e estava começando a fazer amizades, se soltando. Adorava brincar com os colegas na pracinha. Era um menino muito querido, que será lembrado por todos — disse Daieli Maciel Blume, 37, professora do menino.
Tristeza familiar
Tia de Théo, Alexandra Talia da Silva Francisco, 24 anos, disse que o crime deixou todos os familiares "sem chão".
— Nossa família quer que a justiça seja feita, que não se tape os olhos para esse acontecimento e que ele (o pai) não saia impune e receba pena máxima — pontuou Alexandra, que é irmã da mãe do menino.
Em 27 de março, a criança foi sepultada em Nova Hartz, onde morava com a mãe desde 2024.
Inquérito concluído
Tiago Ricardo Felber foi indiciado por duas ocorrências: a morte do menino e uma tentativa de homicídio anterior. Isso ocorreu porque a perícia apontou que os sinais de esganadura que a criança tinha no pescoço eram de momentos anteriores, o que indica que Théo já havia sido vítima de tentativa de homicídio pelo pai.
No caso do homicídio consumado, as qualificadoras foram motivo fútil (ciúmes e vingança da ex-companheira), meio cruel (arremessando a vítima de uma ponte, com a intenção de que morresse afogada), à traição e mediante dissimulação (por ter levado o menino a um passeio de bicicleta), além de ser cometido contra pessoa menor de 14 anos e descendente do autor do crime.
A tentativa de homicídio recebeu as qualificadoras de asfixia e recurso que dificultou a defesa da vítima, já que a polícia apurou que a esganadura ocorreu durante um temporal para abafar os gritos da criança.
O laudo de necropsia feito pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) confirmou que a morte do menino foi ocasionada por traumatismo crânio-encefálico, devido à queda da ponte.
O indiciado está recolhido em uma unidade prisional não informada por questão de segurança.
Procurada por Zero Hora, a defesa de Tiago Ricardo Felber informou que só se manifestará nos autos do processo.