
Esteliano Madureira, suspeito da morte da estudante da Universidade de São Paulo (USP) Bruna Oliveira da Silva, foi encontrado morto na noite de quarta-feira (23), próximo de uma área de mata na Avenida Morumbi, na zona sul de São Paulo. O corpo do homem de 43 anos apresentava sinais de tortura.
Uma das hipóteses da Polícia Civil é de que ele tenha sido executado pelo "tribunal do crime" do Primeiro Comando da Capital (PCC), uma espécie de justiça paralela do crime organizado.
— Talvez seja a principal linha de investigação, ainda não confirmada — afirmou na quinta-feira (24) o delegado Rogério Thomaz, chefe da Divisão de Homicídios do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).
Conforme o boletim de ocorrência, Madureira estava envolto em uma lona azul e com as pernas amarradas uma à outra. Ele tinha mais de 10 perfurações por faca ou outro instrumento pontiagudo em locais como tórax, abdômen e nuca.
Dinâmica da execução
As investigações indicam que Madureira teria sido levado vivo na última terça-feira (22) de Itaquera, na Zona Leste, onde ele morava e onde Bruna foi morta, até Paraisópolis, na Zona Sul, relativamente perto de onde o corpo foi deixado.
A polícia, porém, não descarta que o crime tenha sido cometido por outros grupos, em vez do "tribunal do crime".
— A própria comunidade local tinha interesse em descobrir quem foi — afirmou Thomaz.
Madureira é descrito pela polícia como "contumaz usuário de drogas". Ele já teria sido autuado por roubo, segundo informações preliminares. O suspeito morava na comunidade da Prainha.
— É uma comunidade a 300 metros de onde o corpo da Bruna foi encontrado — disse o delegado Alexandre Menechini, da 2ª Delegacia da Divisão de Homicídios.
De acordo com a polícia, moradores da região afirmaram que ele teria apresentado nervosismo depois que o corpo de Bruna foi encontrado. O DHPP havia representado pela prisão temporária do suspeito na quarta-feira à noite. Na mesma noite, um corpo foi encontrado e, na manhã de quinta, identificado como o do suspeito.
A Polícia Civil agora busca identificar os autores do crime. A defesa de Madureira não havia sido localizada até a publicação deste texto.
Assassinato de Bruna
A jovem foi atacada enquanto caminhava para casa, na noite de 13 de abril, na saída no terminal de ônibus da Estação Corinthians-Itaquera do metrô. A escolha da vítima teria sido aleatória, segundo a polícia.
— Após arrebatar a Bruna, ele (suspeito) adentra um terreno que tinha um buraco no muro e sobe com ela — afirmou Thomaz.
O corpo dela foi encontrado em 17 de abril, em um estacionamento na região da Vila Carmosina, na Zona Leste. Ele estava seminu, com sinais de violência.
— A gente acredita na hipótese de ela ter sofrido violência sexual — disse o delegado.
A confirmação ainda depende de laudos. Câmeras de segurança filmaram um suspeito atacando a jovem, que era mestranda na USP. A partir dos vídeos, a polícia produziu uma imagem com auxílio de inteligência artificial, o que permitiu a reprodução do rosto do suspeito.