
A Justiça concordou que Graciele Ugulini, 47 anos, cumpra pena em regime semiaberto no município de Santa Ângelo, no noroeste do Estado. A madrasta do menino Bernardo Boldrini, assassinado aos 11 anos, em 2014, em Três Passos, está presa no regime fechado, em Porto Alegre. Ela foi condenada a 34 anos e sete meses de prisão pela morte do garoto.
Na semana passada, o juiz Geraldo Anastácio Brandeburski Júnior, do 1º Juizado da 2ª Vara de Execuções Criminais (VEC) da Comarca de Porto Alegre, autorizou Graciele a passar do regime fechado para o semiaberto. Segundo o magistrado, a presa atingiu requisitos para progressão de regime, conforme previsto na Lei de Execução Penal. Também foram identificados elementos para o semiaberto como exercício de atividades laborativas e educacionais.
Nesta sexta-feira (25), o juiz Brandeburski Júnior publicou novo despacho, autorizando que a presa seja encaminha para Santo Ângelo. Atualmente, a madrasta de Bernardo está presa no Presídio Feminino Madre Pelletier, na Capital. Ela ainda tem 23 anos e seis meses de prisão a cumprir.
Após a decisão sobre a progressão de regime, ela foi consultada e informou que gostaria de seguir cumprindo a pena em sua região de origem. Graciele possui familiares em Santo Ângelo. Uma das casas prisionais do município, com regime semiaberto, é o Instituto Penal de Santo Ângelo.
A Polícia Penal informou que ainda não foi intimada sobre a definição de enviar a presa para uma casa prisional do Noroeste. A reportagem busca contato com a defesa de Graciele e aguarda retorno.
Morte de Edelvânia
No início desta semana, outra condenada pela morte de Bernardo, Edelvânia Wirganovicz, 51 anos, foi encontrada morta no pátio do Instituto Penal Feminino de Porto Alegre, onde cumpria pena no regime semiaberto.
O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil investiga como se deu a morte. Segundo o diretor do DHPP, delegado Mario Souza, os indícios preliminares indicam a suspeita de suicídio. No entanto, a polícia pretende averiguar todas as hipóteses.
— É um caso que demanda atenção. Trata-se de uma presa envolvida num crime grave. Toda a situação em relação a essa morte vai ser apurada, todas as circunstâncias — diz o delegado.
Relembre o caso
O menino Bernardo foi dado como desaparecido em abril de 2014. O corpo dele foi encontrado em Frederico Westphalen, no norte do RS, a 80 quilômetros de Três Passos, no Noroeste.
Na mesma noite em que o corpo foi achado, a polícia prendeu o pai, a madrasta e a amiga do casal. Órfão de mãe, o garoto se queixava de abandono familiar.
O Ministério Público denunciou os investigados por homicídio quadruplamente qualificado (motivos torpe e fútil, emprego de veneno e recurso que dificultou a defesa da vítima), além de ocultação de cadáver.
Dois julgamentos
O primeiro júri do Caso Bernardo ocorreu em março de 2019. Na ocasião, Leandro foi condenado ao lado dos outros três réus — a madrasta do menino, Graciele Ugulini; a amiga da madrasta, Edelvânia Wirganovicz; e o irmão de Edelvânia, Evandro Wirganovicz.
Contudo, o pai conseguiu a anulação da primeira sentença em dezembro de 2021. Os desembargadores do Tribunal de Justiça consideraram que houve disparidade de armas entre a acusação e a defesa, o que acabou beneficiando Boldrini.
O novo júri foi realizado em março de 2023. Dessa vez, o médico Leandro Boldrini foi condenado a 31 anos e oito meses de prisão pelos crimes de homicídio quadruplamente qualificado e por falsidade ideológica. Ele foi absolvido da acusação de ocultação de cadáver. Boldrini cumpre pena em regime semiaberto em Santa Maria.