
O caso de um estudante da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) que compareceu à cerimônia de formatura com uma suástica desenhada no rosto será investigado pela Polícia Civil.
Um boletim de ocorrência foi registrado na terça-feira (18), logo após o episódio. O inquérito foi instaurado na manhã desta quarta-feira (19).
Segundo a delegada Tatiana Bastos, titular da Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância (DPCI), a polícia já tem acesso ao teor da ocorrência. Será averiguado se o jovem praticou apologia ao nazismo, o que é crime e pode resultar em uma pena de até cinco anos.
O caso ganhou grande repercussão, após o estudante aparecer com uma suástica desenhada no rosto momento antes de se formar em Engenharia de Minas. Outros símbolos também foram desenhados na testa e nas bochechas.
Também na manhã desta quarta-feira (19), o vice-reitor da UFRGS, Pedro Costa, divulgou nas redes sociais que fez o registro do boletim de ocorrência na Polícia Federal.
Em nota, a UFRGS afirmou que assim que a situação foi identificada, o vice-reitor e o coordenador de segurança informaram ao estudante que ele não poderia colar grau com a pintura no rosto. O formando alegou que se tratava de um símbolo do hinduísmo e negou que os desenhos fizessem referência ao nazismo. Após isso, ele substituiu as pinturas por outros desenhos, como o "Om (🕉)", composto por três curvas, um semicírculo e um ponto no topo.
A universidade afirmou ainda que estava avaliando possíveis medidas administrativas a serem adotadas. A entidade deve se manifestar novamente por meio de nota a respeito dos desdobramentos do caso. O Diretório Central dos Estudantes da UFRGS se manifestou afirmando que irá enviar um ofício à reitoria pedindo "a anulação da entrega do diploma e da formatura do aluno".
Entenda o caso
De acordo com nota divulgada pela UFRGS (leia abaixo), o formando do curso de Engenharia de Minas chegou à cerimônia com desenhos semelhantes a suásticas pintados na testa e nas bochechas.
Ainda segundo a instituição de ensino, assim que a situação foi identificada, o vice-reitor e o coordenador de segurança informaram ao estudante que ele não poderia colar grau com a pintura no rosto.
A suástica é conhecida como um emblema nazista, e fazer apologia ao nazismo é crime no Brasil.
O formando alegou que se tratava de um símbolo do hinduísmo e negou que os desenhos faziam referência ao nazismo. Após isso, ele substituiu as pinturas por outros desenhos, como o "Om (🕉)", composto por três curvas, um semicírculo e um ponto no topo.
Além do boletim de ocorrência, a UFRGS salientou que também serão analisadas medidas administrativas a serem tomadas. Ainda conforme a instituição, o formando não "ostentava símbolos nazistas durante a cerimônia de formatura".
O comunicado divulgado termina com a universidade afirmando que não tolera manifestações de ódio, intolerância ou de ataque aos direitos humanos nos seus espaços.
Após o episódio, o Diretório Central dos Estudantes da UFRGS se manifestou afirmando que irá enviar um ofício à reitoria pedindo "a anulação da entrega do diploma e da formatura do aluno".
Confira a nota da UFRGS na íntegra:
"A Universidade informa que, antes do início da cerimônia de formatura, ao tomar conhecimento que havia um formando com uma suástica pintada no rosto, tomou as seguintes providências:
• O vice-reitor e o coordenador de Segurança foram até o local em que se encontrava o estudante (na sala em que os formandos se preparam para a cerimônia) e proibiram o estudante de participar da colação de grau com a suástica pintada no rosto;
• O formando alegou que se tratava de um símbolo hindu e negou que estava ostentando um símbolo nazista;
• Ele foi, então, advertido que se não apagasse a suástica, além de não poder colar grau, seria encaminhado para a Polícia Federal para registro de ocorrência e para que a PF avaliasse se era ou não de um símbolo nazista o que ele ostentava;
• Diante dessa advertência, ele concordou em apagar a pintura da suástica e manteve no rosto outros símbolos, sem relação com o nazismo, com os quais permaneceu na cerimônia.
• A UFRGS decidiu que irá registrar boletim de ocorrência na Polícia Federal nesta quarta-feira, dia 19.
• Também nesta quarta-feira, serão analisadas que medidas administrativas devem ser tomadas.
Salienta-se que, diferentemente das diversas manifestações nas redes sociais, o formando em questão NÃO ostentava símbolos nazistas durante a cerimônia de formatura. Também é importante destacar que a decisão da Universidade de dar prosseguimento à cerimônia dentro da possível normalidade diante deste inadmissível episódio deve-se à consideração aos demais formandos, seus familiares e convidados que estavam reunidos em um momento de celebração. Posto isso, a UFRGS reafirma que não tolera manifestações de ódio, de intolerância ou de ataque aos direitos humanos nos seus espaços."
Nota do Diretório Central dos Estudantes
"Enquanto representação máxima dos estudantes da UFRGS, reafirmamos que apologia ao nazismo É CRIME e essa ação não passará impune. A UFRGS é território antifascista e não aceitaremos que se normalizem ações como essa dentro da nossa Universidade.
Enviaremos ainda hoje ofício à Reitoria da Universidade exigindo a anulação da entrega do diploma e da formatura do aluno Vinícius diante do crime cometido, que é previsto no Código Penal Brasileiro. Além disso, uma rigorosa investigação desse episódio será fundamental para que não se repita.
Nazistas não passarão!"