Quatro testemunhas de acusação no Caso Bernardo prestaram depoimento na manhã desta segunda-feira (8) no Foro de Três Passos. Em todos os depoimentos, foi relatada a relação ruim entre o pai, Leandro Boldrini, e o menino.
A primeira a depor foi a ex-professora de Bernardo Simone Muller. Segundo a educadora, existia uma espécie de código de convivência entre Bernardo, o pai e a madrasta para não comentar as coisas que ocorriam dentro de casa. Disse ainda que ligou sete vezes para a casa da família no dia do suposto desaparecimento do menino e o casal não demonstrava qualquer preocupação.
“O Leandro dizia para eu me acalmar, que o menino, provavelmente, estaria na casa de algum outro amigo”, lembra Simone.
Depois da professora depôs uma secretária do Colégio Ipiranga, onde o menino Bernardo estudava. Rosane Terezinha disse que conselheiros tutelares foram duas vezes na escola para buscar informações sobre Bernardo. Também falou sobre a relação do pai com o menino.
“Teve um aniversário que ele prometeu ir na escola e não apareceu”, disse a secretária.
O casal Juçara e Carlos Petry também prestaram depoimento. Os dois recebiam constantemente Bernardo em sua casa. Juçara reconheceu algumas roupas que havia dado a Bernardo apresentadas pelo assistente de acusação durante a audiência. Chegou a reconhecer duas peças dela.
“Esse chinelo é meu. Eu emprestava pra ele”, destacou Juçara.
O marido dela Carlos Petry disse que conversou com Leandro Boldrini sobre o comportamento agitado de Bernardo de algumas reclamações que o menino fazia. Também confirmou o que outras testemunhas já haviam dito. Que Bernardo ficava fora de casa sem chave e controle do portão.
A ré Edelvânia Wirganovicz está no Foro de Três Passos, mas não ficou na sala de audiências a pedido dos depoentes. Mais três testemunhas serão ouvidas ainda hoje.
Caso Bernardo
Bernando Uglione Boldrini, 11 anos, foi encontrado morto no dia 14 de abril, após dez dias desaparecido. O corpo do jovem estava em um matagal, enterrado dentro de um saco, na localidade de Linha São Francisco, em Frederico Westphalen. O menino morava com o pai, o médico-cirurgião Leandro Boldrini, a madrasta, Graciele Ugulini, e uma meia-irmã, de 1 ano, no município de Três Passos.
O pai, a madrasta e uma amiga dela, Edelvânia Wirganovicz, respondem na Justiça por homicídio quadruplamente qualificado (motivos torpe e fútil, emprego de veneno e recurso que dificultou a defesa da vítima) e ocultação de cadáver. O irmão de Edelvânia, Evandro, também responde por ocultação de cadáver. O pai de Bernardo ainda é acusado por falsidade ideológica.