
A prefeitura de Restinga Seca, na região central do Estado, investiga um surto de mão-pé-boca em uma escola do interior do município. Já foram notificados quatro casos somente entre a quinta e sexta-feira (25).
A escola onde foram registrados os casos é a Dezidério Fuzer, na localidade de São Miguel, que tem cerca de 140 alunos de creche, educação infantil e pré-escola. Conforme a secretária de Saúde do município, Denize Martini, os primeiros relatos de casos suspeitos surgiram na terça-feira (22).
Na quinta-feira, foi feita uma varredura entre todos os estudantes. Dez crianças que tinham algum sintoma foram orientadas a ficar sob isolamento em casa.
A recomendação é para que as crianças evitem contatos com as outras, para reduzir a propagação. Em caso de piora nos sintomas, a orientação é procurar atendimento na Estratégia de Saúde da Família da região.
Conforme a secretaria, o pronto-atendimento da cidade está de sobreaviso, caso aumente a demanda de atendimentos em decorrência da doença.
A doença é causada pelo vírus Coxsackie, pertencente à família dos enterovírus. Ela se manifesta, geralmente, por meio de febre e lesões características que surgem na mão, pés e na boca, podendo se estender para outras áreas, como nádegas e região genital.
Como prevenir a mão-pé-boca
Segundo a médica Rosa Maria Teixeira, da Equipe de Vigilância de doenças transmissíveis da Secretaria de Saúde de Porto Alegre, a orientação é de que surtos – definidos como dois ou mais casos em um mesmo local – sejam notificados imediatamente. Além disso, confirmando o diagnóstico, a criança deve ficar afastada por até sete dias, segundo orientação médica.
A escola deve tomar algumas medidas para prevenir a contaminação. Entre elas, está a limpeza de ambientes, afastar crianças sintomáticas e adotar protocolos de higiene mais rígidos, como o uso de desinfetantes para superfícies e objetos.
Já profissionais da Educação Infantil precisam estar atentos aos sinais iniciais da doença para evitar novos surtos. Também é importante evitar o compartilhamento de utensílios, incentivar a lavagem de mãos entre as crianças e manter as salas de aulas bem ventiladas.
— É muito importante que sejam tomadas essas medidas pensando em evitar que outros casos surjam. O quanto antes é feita a intervenção, mais cedo tu consegue cortar essa cadeia de transmissão — complementa a médica.
Os sintomas da mão-pé-boca
Embora o quadro seja autolimitado – ou seja, tende a desaparecer entre cinco a sete dias –, a condição pode causar grande desconforto, especialmente em crianças pequenas. O período de incubação varia de três a seis dias, conforme a SES. Entre os principais sintomas estão:
- Febre alta, nos dias que antecedem o surgimento das lesões
- Erupções cutâneas: bolhas ou máculas dolorosas, especialmente nas palmas das mãos e plantas dos pés
- Lesões na boca, amígdalas e faringe: manchas vermelhas que dificultam a ingestão de alimentos
- Mal-estar geral, perda de apetite, vômitos e, em alguns casos, diarreia.
Em casos mais raros, complicações como desidratação severa ou infecções secundárias podem ocorrer. Com isso, é necessário o acompanhamento médico para avaliar a evolução da criança.
Como ocorre a transmissão da síndrome
A doença é causada por um enterovírus, que habita o sistema digestivo e pode ocasionar estomatites — inflamação da mucosa oral . A transmissão ocorre das seguintes formas:
- Contato direto com saliva, secreções respiratórias, fezes, lesões cutâneas ou objetos contaminados
- Consumo de alimentos e bebidas que entraram em contato com o vírus
- Ambientes compartilhados, como escolas e creches, onde o vírus pode se espalhar rapidamente
— A primeira semana da síndrome é a de maior transmissão, que exige o afastamento da criança do ambiente escolar para evitar novos casos — acrescenta a profissional da SMS.
Contudo, mesmo após a melhora, o vírus pode ser transmitido pelas fezes por até quatro semanas, o que exige cuidados contínuos com a higiene.
Quais são os tratamentos da mão-pé-boca
Embora não exista um tratamento específico para a doença, as medidas recomendadas são focadas no alívio dos sintomas e na prevenção de complicações. Entre elas:
- Hidratação: oferecer líquidos em abundância para evitar desidratação
- Repouso absoluto: garantir que a criança permaneça em casa durante o período de contágio
- Alimentação leve e pastosa: priorizar alimentos que não agravem a dor nas lesões da boca, como purês, mingaus e gelatinas
- Uso de medicamentos sintomáticos: sob orientação médica, antitérmicos e analgésicos podem ser usados para controlar febre e dor.
Além disso, é fundamental que os pais mantenham uma rotina de higiene para diminuir o risco de transmissão.
— Não é uma doença que costuma agravar. O maior cuidado é que como acomete as cavidades orais nas crianças, elas acabam deixando de se alimentar e hidratar. Por isso, é importante que elas mantenham estes hábitos, para evitar possíveis preocupações com a saúde — finaliza a médica.