"Testemunha auricular". O qualificativo utilizado para descrever Claudinho Pereira na apresentaçao de Na Ponta da Agulha (Editora da Cidade, 200 páginas) é também a razão pela qual o livro - que o DJ, cineasta e radialista lança neste sábado na Feira - é tão envolvente. Um dos primeiros DJs de Porto Alegre, Claudinho viu o nascimento das boates da Capital nos anos 1960 e seu desenvolvimento ao longo das décadas seguintes. Debutou como discotecário do Crazy Rabbit, casa na Rua Garibaldi que inaugurou a moda de "dançar separado". Daí em diante, passou pelo histórico Encouraçado Butikin, viveu intensamente a vida noturna do Centro e da Cidade Baixa, provou e aprovou as comidas de fim de noite da Tia Dulce.
Reforçam o depoimento do autor, dividido em capítulos referentes a cada um dos lugares da noite, os testemunhos e lembranças de outros personagens _ merchands, jornalistas, empresários, arquitetos _ que fizeram parte dessa história: Juarez Fonseca, Renato Rosa, Paulo Gasparotto, Milton Mattos e Fernando Albrecht.
Na Ponta da Agulha é, a um só tempo, um almanaque de curiosidades da noite da Capital, uma autobiografia de Claudinho e uma narrativa sobre a metamorfose de uma juventude e de uma cidade que nunca mais seriam as mesmas. É o registro da invenção da Porto Alegre boêmia.