
A ex-ministra da Saúde Nísia Trindade deixou oficialmente o comando da pasta nesta segunda-feira (10), em evento de posse do seu sucessor, Alexandre Padilha, e Gleisi Hoffman, nova ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI).
Ela discursou na cerimônia e aproveitou o momento para destacar seu trabalho no ministério, além de apontar "uma campanha sistemática e misógina" contra ela:
— Ainda que o sentimento predominante em mim seja a satisfação por ter feito parte da equipe do presidente Lula, e ter servido ao meu país, não posso esquecer que durante os 25 meses em que fui ministra sofri uma campanha sistemática e misógina — apontou a ex-ministra.
De acordo com Nísia, o trabalho dela teria sido desvalorizado:
— Ocorreu uma desvalorização do meu trabalho, da minha capacidade e da minha idoneidade. E não é possível e não aceito, como acho que não devemos aceitar naturalmente, o comportamento político dessa natureza. Podemos e devemos construir uma nova política, basear-se efetivamente no respeito. E destaco o respeito a nós mulheres.
Ela ainda falou sobre a importância de construir uma "nova política". A ex-ministra citou "fortalecimento do SUS", "crises ambientais" e "políticas publicas".
— Um país desafiado por crises ambientais, conflitos armados no plano mundial e ameaças à democracia. O mundo olha para o Brasil em busca de soluções e a Saúde faz parte dessas respostas, como ficou evidente no nas resoluções do G20 — ressaltou Nísia.
Novos ministros
Alexandre Padilha e Gleisi Hoffmann assumiram como ministro da Saúde e ministra da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República. A cerimônia de posse aconteceu na tarde desta segunda-feira (10), no Palácio do Planalto.
O evento contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin, de ex-ministros da Saúde e do ex-presidente José Sarney.
Padilha destacou o trabalho de sua antecessora, ressaltando que ela foi fundamental para fortalecer as políticas de saúde pública, as quais, segundo ele, foram enfraquecidas durante o governo de Jair Bolsonaro:
— Nísia, o Brasil agradece a você e a sua equipe pela reconstrução do Ministério da Saúde após anos tão sombrios — disse o ministro.
Mudança no comando da Saúde
O governo federal confirmou a mudança no comando do Ministério da Saúde no dia 25 de fevereiro, com a demissão de Nísia — já especulada nas semanas anteriores.
A gestão da ex-ministra foi alvo de queixas do Congresso e do próprio Lula — que cobrava a falta de uma marca forte da área.
No ano passado, a gestão da ministra foi marcada por críticas e pressão do centrão relacionada ao orçamento da pasta. De acordo com a avaliação do Palácio do Planalto, em um momento de queda de popularidade do presidente, o Ministério da Saúde tem um grande potencial de apresentar políticas públicas de maior visibilidade.
O reforço do Farmácia Popular foi uma das ações do Ministério da Saúde. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou, no dia 13 de fevereiro, a gratuidade total do Programa Farmácia Popular. No Encontro Nacional de Prefeitos, em Brasília, ela explicou que todos os 41 itens do programa passariam a ser distribuídos de graça nas farmácias credenciadas.
*Produção: Estfany Soares