O governador Ranolfo Vieira Júnior, que encerra o período à frente do governo do Estado em 31 de dezembro, fez um balanço do mandato e do ano de 2022 nesta sexta-feira (23), em entrevista à Rádio Gaúcha. Um dos temas em discussão foi a venda da Corsan, concluída nesta semana.
Ranolfo fez uma defesa da venda da companhia. Ele afirma que, por conta do Marco Legal do Saneamento, não haveria recursos disponíveis para os investimentos necessários em um período de 10 anos.
— Necessitaríamos aqui no Rio Grande do Sul de um investimento de R$ 12 bilhões, R$ 13 bilhões em 10 anos. Qual a capacidade de investimento da Corsan? Não chegaria, talvez (ficasse) em torno de R$ 300 milhões. Ficaria muito aquém. Então o Marco Legal do Saneamento foi o que motivou e fez com que avançássemos nessa questão.
Questionado sobre a pressa para concluir o processo ainda em 2022, Ranolfo negou que isso tenha acontecido.
— Nós estamos discutindo a privatização há mais de um ano e meio. A discussão não foi feita de um dia para o outro. Aceitamos posições contrárias, o diálogo sempre foi uma marca. Tanto é verdade que mudamos a modelagem, passando da chamada "oferta de ações" para a venda total da empresa.
Na quinta-feira da semana passada (15), o certame havia sido suspenso pelo Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-4). Na noite de segunda (19), o governo do Estado conseguiu garantir a realização da disputa para privatização da companhia, quando uma decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) anulou a medida.
Apesar da liberação da concorrência, o presidente da Corte, ministro Lelio Bentes Corrêa, manteve vedada provisoriamente “a realização de qualquer ato que envolva assinatura do contrato de compra e venda das ações detidas pelo Estado do Rio Grande do Sul no capital social da Corsan ou a efetiva transferência de tais ações ao adquirente”.
O leilão ocorreu na terça-feira (20): o grupo Aegea foi o vencedor da disputa com uma oferta de R$ 4,151 bilhões, que representa ágio de 1,15%. Esse montante é pouco acima do preço mínimo de R$ 4,1 bilhões estipulado para a liquidação do patrimônio da Corsan. Apenas a Aegea apresentou proposta no certame.
O governador admitiu que os embates judiciais podem ter afastado investidores, mas disse que isso dá segurança ao Estado.
— A judicialização extremada afasta investidores, todos sabemos disso. Não tenho dúvidas de que tem efeito com relação ao negócio como um todo. Mas quero dizer: para o administrador, essa judicialização no fim acaba também nos dando tranquilidade, porque é o olhar do controle jurisdicional. (...) Isso tudo, embora atrapalhando o negócio, afastando investidores, por outro lado, traz essas garantias todas ao administrador.
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