Semana passada eu cancelei um compromisso. A empreitada envolvia jantar com alguns conhecidos de tempos atrás que, sendo bem sincero, já nem mais lembro como acabamos trocando contato. Confesso que a ideia me deixou inquieto, mas dentro de mim parecia que uma voz distante gritava: "você tem que ir!". Então, quando tudo já estava marcado e todos haviam confirmado presença, eu pulei fora. E fiz isso porque quis — simples assim.
Aprendi a dizer não faz pouco tempo, então a ideia de não querer salvar todo o mundo todos os dias ainda é um pouco crua aqui dentro. Antigamente, se alguém me pedia um braço, eu entregava dois. Nunca me importei em pensar se eu tinha tempo e/ou condições de ajudar os outros ou realizar qualquer favor. Eu sempre fiz e pronto. Porém, chegou aquele momento em que eu percebi que tem certas horas que nós precisamos ser egoístas.
Que história é essa de "você tem que ir"? Para falar a verdade, "ter que" nunca me soou como uma expressão aceitável. A diferença é que agora eu sei cuidar de mim. Se eu não quero, não faço. E acho que isso está muito mais intrínseco à nossa saúde mental do que podemos imaginar. Sair com pessoas que tenho pouco assunto pode ser uma chatice, então pra quê sair? Comparecer por comparecer, fingir só por fingir, manter só por manter... Tudo isso já não cabe mais no meu plano de vida.
Sempre prezei pela sinceridade, pelos significados verdadeiros, pelos momentos intensos. Quando eu passei a dedicar o meu tempo para as pessoas que realmente contribuem com o meu crescimento — pessoal, espiritual, profissional —, me dei conta de que o tempo é curto e a programação extensa. Por isso mesmo, ser seletivo é ter consciência de que quem agrega fica, e quem virou enfeite cai fora.
Pode parecer rude e grosseiro, mas não. A nossa mente demanda tempo e cuidados infinitos, e foi por isso que eu precisei aprender a cair fora de tudo aquilo que não soma, tudo aquilo que é conveniência e não interessa. Dedicar-se ao que faz bem nutre a alma, faz crescer.
Depois do encontro desmarcado, resolvi deixar de seguir um bocado de pessoas nas minhas redes sociais. Não só deixei de ver um conteúdo que para mim não era mais interessante, como senti uma sensação libertadora. A gente vive se amarrando à ideia de que deve agradar todo mundo, de que deixar de seguir é ofensa, e que não comparecer a um compromisso é atitude de gente mal educada.
Mal educado eu estaria sendo comigo mesmo se dissesse sim para tudo. Então, antes de qualquer coisa, eu prefiro não faltar com respeito comigo mesmo.