Foi-se 2019, lá vem 2020! Como será o ano novo? Meteorologistas do simbólico, os astrólogos tentam traduzir os sinais celestes para esboçar um clima terrestre, sujeitos a erros e acertos como todo intérprete de tendências. E que clima se anuncia? Vamos chamá-lo de realista, restritivo e algo radical, mas transformador. Preparemo-nos para mais um ano denso e intenso. Há algum tempo, o tema mais discutido na astrologia tem sido a grande conjunção planetária que ocorrerá em 2020, alinhando Júpiter, Saturno e Plutão no signo de Capricórnio. Fim de uma era?
Trata-se de um raro encontro triplo entre astros associados às macrotendências. A última vez em que ocorreu foi no século 12, coincidindo com a Segunda Cruzada, uma guerra santa vertida em sangrento confronto entre reinos cristãos europeus e reinos muçulmanos do Oriente. Invasões e colisões culturais marcaram a mesma configuração astrológica em épocas anteriores, sempre com definitivas consequências históricas.
No contexto atual, por a conjunção ocorrer em Capricórnio – signo associado ao poder e às estruturas econômicas e políticas –, tudo converge para crises capazes de abalar, a longo prazo, o sistema produtivo vigente. Capricórnio e seu regente, Saturno, valorizam os limites e as tradições. Diante de instabilidades, adotam um tom conservador e mais controle. A presença de Júpiter e Plutão no signo potencializa o aspecto repressor do poder, mas, por outro lado, também expõe seus desajustes e fragilidades, abalando hierarquias e gerando novos arranjos.
A tripla conjunção em 2020 tanto pode sinalizar mudanças na geopolítica mundial e nos blocos econômicos quanto uma gigantesca revanche dos excluídos do capital. Pode significar a hora crucial de encarar a fatura relativa ao custo de sustentação do modelo de produção e governo. Isso envolve desde questões ambientais a temas como trabalho, justiça e segurança. Nada que já não venha se anunciando nos últimos anos, mas que poderá chegar a situações extremas. O efeito da conjunção é longo e transformador, não se resumirá a eventos pontuais de 2020.
Para a astrologia, a “cara” de cada ano se desenha no mapa do ingresso do Sol no signo de Áries, quando realmente começa o ano zodiacal – em 2020, dia 20 de março. O signo ascendente desse mapa, calculado para Brasília, é – veja só! – Capricórnio, onde também estará o belicoso Marte, a atiçar a tensão natural dos três planetas citados. Isso reforça o clima policialesco e tenso do ano. Contudo, Saturno, regente desse mapa, estará em confronto com Urano, planeta da ruptura e da rebelião. Saturno transitará brevemente por Aquário, signo de Urano, do final de março ao final de junho, acentuando ondas possíveis de contestação e enfrentamentos. Já em abril, será vez de Marte literalmente esquentar e radicalizar esse instável quadro social, que poderá ficar explosivo até o fim do ano.
Pela ênfase em Capricórnio, 2020 favorece ações disciplinadas e trabalho sério – sem vez para riscos e ilusões. Se mais dureza parece inevitável, isso pode atenuar a apatia coletiva de 2019. Talvez o longo torpor do trânsito de Netuno para o Sol do Brasil comece a dar espaço a fúrias sociais contidas e outras reações. No final do ano, Júpiter e Saturno ingressarão de vez em Aquário, enfatizando temas mais humanistas e pautados na liberdade e na cidadania (comento isso no próximo texto). Que a prudência e o bom senso capricornianos nos guiem em 2020.