Um dos temas mais sensíveis para se analisar diz respeito às múltiplas maneiras como as pessoas estão se relacionando hoje, afetiva e sexualmente. Não reinventamos a roda, porém. Os seres humanos, instintivamente curiosos, experimentaram inúmeras formas de se conectar ao outro. A diferença é que, abafados pela rigidez das sociedades gerenciadas por códigos morais restritivos, experimentavam em segredo o que agora se faz em praça pública. A história confirma. Faz parte da evolução o desejo de transgredir os códigos ditados pelos grupos a que pertencemos. Afinal, o Marquês de Sade, com suas obras consideradas imorais, foi um realista. Para os de alma ortodoxa, submeter-se, em restrita obediência, ao catecismo religioso é natural. O resultado é que a repressão acabou gerando uma gama de desvios comportamentais. Proíba e você instigará imediatamente a fome de experimentar. Estamos condicionados a burlar as interdições. Pesquisas recentes mostram: a maioria dos adolescentes nem está aí para o pensamento dos professores ou dos pais sobre a questão. Eles vão lá e “praticam” do seu jeito. Apreciando, repetem. Ou partem em busca de novas sensações. Sinceramente, não sei se estão tão equivocados. Contenhamos as críticas.
Evito endossar qualquer tópico polêmico. Porém, nunca fui adepto de restringir minhas ideias só porque esbarram em conceitos reforçados socialmente. Aliás, nem deveria ser preciso discutir isso. A preocupação excessiva com o que acontece nas camas alheias revela mais é sobre nossas frustrações. Sempre pensei: se lhe soa errado, furte-se de fazer. Simples. Deixe de apontar o dedo para o seu vizinho, pois pode ser uma manifestação da sua inveja. As pessoas lidam com seus sentimentos como são capazes. Encapsular tudo em um único modo é desaconselhável. Somos diversos demais para seguir cordatamente o mesmo catecismo. E estou longe de dizer que deveríamos viver em devassidão. Criar algumas regras nos ajuda a ter um certo norte em análise tão sensível. Só é ruim inventar mandamentos rígidos. Biologia é diferente de moral.
Devemos nos manter fiéis ao corpo também. A melhor forma de se livrar de uma tentação, disse o escritor Oscar Wilde, é se entregando a ela. Caso contrário, iremos canalizá-la para estranhos propósitos. A política, por exemplo. Tiraríamos lições valiosas se fizéssemos um breve estágio em Brasília.
Enfim, vamos caminhando ao encontro de novas perspectivas com a esperança das gerações futuras romperem com as amarras. Elas até podem se sentir meio perdidas em um mar de possibilidades. Mas certamente conseguirão extrair delas mais alegria do que alguém preso aos ditames sociais. Em havendo concordância entre as pessoas envolvidas, só a elas deve interessar esse tipo de discussão.
Por que o mundo gosta tanto de saber o que cada um faz na sua intimidade? Amor bom aparece e se multiplica em diversas versões. Aproprie-se da sua vontade e seja feliz.