
Quem nunca disse uma mentira que lance o primeiro tuíte — o que já será uma falsidade, pois essa mina de ouro do senhor Elon Musk agora se chama X. Bem que as postagens na rede social das ideias curtas podiam ser rebatizadas de xistes. Assim teríamos, pelo menos em português, uma palavra homófona do nosso chiste, que define exatamente a brincadeira, a pilhéria, a mentirinha destinada a fazer rir.
O Dia da Mentira — que a pátria amada e idolatrada celebra em 1º de abril desde muito antes do golpevolução de 1964 — também é conhecido como Dia dos Bobos e Dia dos Tolos. Talvez fosse mais apropriado chamá-lo de Dia de Todos, uma vez que mentir e acreditar fazem parte da natureza humana. Está bem, vamos ser politicamente corretos: Dia de Todos e de Todas.
Dizem os historiadores (dá para crer neles?) que a origem e a data do Dia da Mentira no Brasil são de responsabilidade de um jornal mineiro chamado exatamente A Mentira, cuja primeira edição, em 1828, noticiou “por brincadeira” a morte do imperador Dom Pedro I — que viria a ocorrer mais de seis anos depois, em Portugal. (Antes que os historiadores me devolvam: dá para crer nos jornalistas?)
E nos blogueiros? E nos influenciadores? E no tio do Zap? E na inteligência artificial? A tecnologia digital e as redes sociais ampliaram de tal forma o poder de fogo dos mentirosos que mesmo os setores mais liberais da sociedade clamam por regulamentação. Nesse contexto, o jornalismo profissional — aquele que investiga os fatos com responsabilidade, incomoda os poderosos e ouve todos os lados — tornou-se um dos principais aliados de quem realmente busca a verdade. Claro, agora estou me referindo às mentiras maldosas, criadas, plantadas e divulgadas para enganar crédulos e beneficiar corruptos.
Mas a mentirinha inocente, para celebrar o dia de hoje, está liberada. Postem à vontade. Mas — por favor! — sejam criativos, pois são tantas as mensagens ardilosas que recebemos todos os dias de farsantes, golpistas e criminosos que não vamos cair em qualquer esparrela. Não me venham com a morte do imperador — seja ele quem você imaginar. Nessa não vamos embarcar de novo. Além disso, leva seis anos para acontecer.