Conheço seres que se nutrem de tristeza, de sofrimento. Para eles, é uma espécie de estado natural. Apresentam enorme dificuldade em reconhecer isso, como se fosse o único caminho a ser trilhado. Essa percepção se instala primeiro na mente para, em um segundo momento, fazer residência no corpo. É a chamada somatização.
Em muitos casos significa o prenúncio de um processo depressivo. Ela deixará sequelas em tantos por serem incapazes de reorganizar a sua existência como o faziam anteriormente. A partir daí, matizam os dias com tintas sombrias, independente dos acontecimentos no seu entorno. É uma derivação de um estado patológico, tornando impossível se abastecer de alegria.
Conheci várias pessoas que se encaixam neste perfil e somente algumas conseguiram apagar essas configurações interiores e reinterpretar a realidade sob um prisma onde a felicidade pudesse ser considerada. Em repetidas ocasiões senti-me impotente frente a isso. E me pergunto se nossa amizade foi de valia para eles. Porém, acredito ter entregue boas palavras de esperança. Penso ser útil para alguém impedido de vislumbrar saídas para a condição em que mergulharam.
A todos costumo dizer uma frase bem simples, mas de eficácia comprovada: desvie o foco da dor. Desacostume o seu cérebro a lhe dar respostas padrão. Acredito profundamente ser este o início da cura. Talvez deva escrever aqui uma sentença de uso corriqueiro, tornado ditado popular: quem procurar, vai acabar encontrando. Se você tem a inclinação de procurar médicos diante de pequenos desconfortos físicos, tenha a certeza: irá se deparar com algum diagnóstico. E se investigar bem a fundo, as probabilidades aumentarão.
Veja, não estou desconsiderando a importância dos cuidados elementares com a saúde. Para tudo há a medida justa, senão vira obsessão. Em minhas caminhadas já senti desconforto nos meus joelhos. Se fosse suportável, nem dava bola e seguia em frente. Se persistisse, naturalmente consideraria marcar consulta com um profissional da área para me tratar. Na grande maioria das vezes, foi passando sem me dar conta.
É necessário agora tocar num ponto fundamental: o domínio que podemos ter sobre as emoções primárias. É um poder pouco usado, pois parece ser mais apropriado ingerir um comprimido a resistir por determinado tempo para ver se a situação melhora.
Atitude bem característica desta época: buscar resoluções com o máximo de imediatismo. A espera se tornou um pesadelo para tantos. Estou apontando aqui apenas uma possibilidade entre inúmeras. Funciona para mim. Para você pode ser diferente. No entanto, é a solução adequada para aquilo que encurta os prazeres da vida.
Os filósofos estoicos sugeriram uma fórmula bem parecida. Diziam eles: diante de algo incômodo, deve-se tirar o ferrão do local que sofreu algum tipo de agressão. E pense em qualquer outra coisa. Assim, saberá estabelecer os limites entre ignorar e a necessidade de pedir ajuda.
Tomar essa decisão fortalece a capacidade de absorver luz quando a escuridão nos paralisa. Cada um detém esse controle. Basta aplicá-lo.