Tenho ouvido atentamente os ensinamentos do Lama Michel Rinpoche. Desde os doze anos, ele se mudou do Brasil para o Tibet e vem se aprofundando no estudo e na prática do budismo. É um homem de fala mansa, enfatizando a importância do exercício das virtudes e de um pensamento que nos liberte dos chamados venenos mentais: raiva, ódio, ciúme, ambição... Além disso, estamos todos contaminados por uma visão utilitarista da vida. Tornamo-nos pragmáticos, focando em resultados no âmbito material, esquecendo de um plano maior: o refinamento da alma. Sou fascinado pelos princípios propostos por esta filosofia milenar: a ênfase no aprendizado dos conteúdos recebidos através da tradição. E a total recusa em colocar no centro das lições a noção de culpa, tão presente nas doutrinas religiosas. O que existe é ignorância em relação a uma maneira mais sábia de conduzir a existência. Somos fruto dos relacionamentos mantidos ao longo do tempo e da absorção do modo coletivo de pensar. A via para ascender espiritualmente é uma só: disciplina incessante, jogando luz nas áreas obscuras do nosso espírito. Aos poucos, e sistematicamente, vamos diluindo a cortina de fumaça que nos impede de ver a realidade como verdadeiramente ela é.
Diálogo incessante
Opinião
Escutar, compreender, meditar
Suspender, por instantes, a linguagem e suas mil armadilhas, pode nos aproximar de estados de quietude e bem-estar
Gilmar Marcílio
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