
As internações por doenças respiratórias aumentam no Rio Grande do Sul entre o outono e o inverno. Uma análise feita por Zero Hora com base em dados disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) entre os anos de 2008 e 2024 mostra que julho é o mês com a maior média de hospitalizações.
O índice passa a se elevar a partir de março, quando a temperatura começa a reduzir no Estado. Em julho, são aproximadamente 106 pessoas hospitalizadas a cada 100 mil habitantes do Estado, em função de doenças como pneumonia, bronquite e gripe.
Tradicionalmente, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) e as secretarias municipais adotam medidas para tentar minimizar o impacto desse aumento. Entre elas, estão a abertura de leitos, a ampliação do funcionamento das unidades básicas, a contratação de funcionários e a campanha de vacinação contra a gripe e a covid-19.
Aumento de leitos
Lisiane Fagundes, diretora do Departamento de Gestão da Atenção Especializada (DGAE) da SES, comenta que o Rio Grande do Sul estrutura há algum tempo a abertura de leitos de UTI e de suporte ventilatório, a partir de uma habilitação federal, para conseguir garantir o atendimento dos pacientes na rede hospitalar no período mais crítico do ano.
— A expectativa do Rio Grande do Sul é conseguir, junto ao Ministério da Saúde, no mínimo o número de leitos que nós conseguimos habilitar no ano passado — comenta a diretora, reforçando que ainda não é possível definir a quantidade exata de leitos para este ano.
Em 2024, conforme Lisiane, a SES solicitou a habilitação de leitos de UTI novos e convertidos para pacientes adultos e pediátricos. Na pediatria, a ampliação foi de 74 estruturas e, para adultos, 138.
Também houve aumento no número de leitos de suporte ventilatório, que são aqueles que têm capacidade de oferecer manutenção ao paciente crítico em um pronto atendimento ou na porta de entrada de um hospital. Na pediatria, foram 124 e, no setor adulto, 134.
A expectativa do Rio Grande do Sul é conseguir, junto ao Ministério da Saúde, no mínimo o número de leitos que nós conseguimos habilitar no ano passado
LISIANE FAGUNDES, DIRETORA DO DEPARTAMENTO DE GESTÃO DA ATENÇÃO ESPECIALIZADA DA SES
— A pessoa que fica nesse leito é um paciente um pouco mais grave do que a que fica no leito clínico, precisa de uma atenção maior, às vezes, precisa de um suporte ventilatório não invasivo. A ampliação dessas estruturas permite que consigamos dar a retaguarda necessária para os serviços de saúde atenderem aqueles casos que dependem de hospitalização — explica.
Como ocorre a habilitação
De acordo com Lisiane, o processo de habilitação dos novos leitos costuma ocorrer entre abril e maio. O Ministério da Saúde edita a portaria criando o serviço e o financiamento para todos os Estados e, na sequência, o Rio Grande do Sul capta os espaços na sua rede hospitalar, envolvendo todas as regiões, para então habilitar as estruturas.
— O processo de abrir os leitos e botar o serviço em funcionamento é rápido. Nós temos uma estrutura de trabalho já bastante acostumada dentro da Secretaria Estadual de Saúde para conseguir colocar isso em prática com brevidade — destaca.
Vigilância e vacinação
O Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) da SES é responsável pelo monitoramento dos casos de doenças respiratórias no Rio Grande do Sul. Neste ano, foi lançado um projeto específico do órgão, chamado Qualifica Vigilância RS, que aborda diferentes áreas, como a melhoria da qualidade no sistema de informação e da vacinação, comenta Tani Ranieri, diretora do Cevs.
— É um projeto grande, com seis áreas temáticas e 25 indicadores, que já investiu quase R$ 11 milhões, como uma primeira parcela de incentivo para os municípios atingirem esses indicadores. Haverá uma segunda parcela, de novo de quase R$ 11 milhões, repassada de acordo com o desempenho atingido em cada um desses indicadores — detalha.
O objetivo do projeto é que haja uma informação mais clara da ocorrência das doenças e um investimento em estratégias para aumentar a cobertura vacinal — a imunização é considerada a melhor forma de prevenir quadros respiratórios graves, evitando complicações de saúde e hospitalizações.
Medidas em Porto Alegre
A capital gaúcha conta, anualmente, com a chamada Operação Inverno. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), ainda não há data certa para o começo das medidas, mas geralmente o início é entre maio e junho. A ampliação do funcionamento das unidades de saúde costuma ocorrer primeiro e, na sequência, vem a abertura dos leitos.
Em relação aos preparativos para a operação deste ano, a SMS informou que protocolou na Câmara de Vereadores um projeto de lei que propõe a contratação temporária de diversos profissionais de saúde para reforçar a assistência nesse período de maior demanda.
As outras medidas da prefeitura prevêem a abertura de leitos clínicos e de UTI, o funcionamento de unidades de saúde aos finais de semana e o fortalecimento das campanhas de vacinação.
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